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Crítica | Quando as Luzes se Apagam


Direção: David F. Sandberg
Ano: 2016
País: EUA
Duração: 81 minutos
Título original: Lights Out

Crítica:

Você estava certo em ter medo do escuro.

Já faz alguns anos desde que me deparei com um certo curta de terror no YouTube. Intitulado Lights Out, o vídeo, com um pouco mais de um minuto, trazia um conceito bastante simples, porém, extremamente assustador – especialmente o seu segundo final. O objetivo era chamar atenção, e, depois do curta ter ganhado bastante popularidade na internet, eles conseguiram o apoio de ninguém menos do que James Wan, o nome mais respeitado do gênero atualmente. Com um orçamento de pouco menos do que 5 milhões, foi dada a chance para Sandberg mostrar o seu talento, transformando o seu vídeo de alguns minutos em um filme completo – algo que há alguns anos já havia acontecido com Mama. Como o curta-metragem em si não possuía nenhuma trama específica, o roteiro poderia seguir através de uma gama infinita de possibilidades. A grande questão que permanecia era: seguiriam eles a certa?

Na trama, seguimos uma família disfuncional, marcada pela depressão da matriarca. No passado, Rebecca, a filha mais velha, saiu de casa na esperança de deixar os seus medos de infância para trás. Ela era atormentada por algo que não conseguia entender, e cresceu sem nunca ter certeza o que era ou não real quando as luzes se apagavam. Agora, anos mais tarde, seu pequeno irmão, Martin, está enfrentando os mesmos inexplicáveis e aterrorizantes eventos que uma vez testaram sua sanidade a ameaçaram sua segurança. Uma entidade sombria com uma ligação misteriosa com a sua mãe, Sophie, voltou a emergir das trevas. Mas, desta vez, Rebecca irá bater de frente com os seus medos para proteger aqueles que ama. Enquanto fica cada vez mais perto de descobrir a verdade, não há como negar que a vida de todos eles ficará em perigo... uma vez que as luzes se apagarem.

Respondendo à pergunta deixada no primeiro parágrafo, sim, este filme certamente seguiu na direção certa. Temos um drama familiar no centro de uma história aterrorizante, e isso funciona porque nós nos importamos com os personagens. Depressão é um assunto delicado, e nesta trama é tratado com a importância necessária – ligando-a diretamente com a história principal. Todos os atores estão perfeitos em seus papéis, com destaque especial para Teresa Palmer (Meu Namorado é um Zumbi), Maria Bello (A Casa dos Mortos) e, o fantástico ator mirim, Gabriel Bateman (da série Stalker), que dão uma credibilidade ainda maior ao roteiro por causa de suas performances. A personagem de Bello ganha um aprofundamento bem maior no terceiro ato; momento em que passamos a nos identificar melhor com ela, que é algo fundamental para a dinâmica final da trama.

Muita gente reclamou sobre o excesso de jump scares, mas não há nenhum susto barato neste filme. O diretor soube muito bem construir o clima de suspense, criando ótimas sequências onde a antagonista pode aparecer a qualquer momento – e ela nem sempre aparece onde esperamos. Ataques repentinos fazem todo o sentido, considerando que a entidade aproveita qualquer oportunidade para pegar os personagens no escuro. Grande parte da tensão consiste exatamente nisso; ela pode aparecer a qualquer momento, em qualquer lugar. Destaque para a caracterização da entidade, que está aterrorizante. Tirando uma única cena, não vemos mais nada além de uma silhueta nas sombras, mas o diretor consegue fazer sua presença ser sentida durante toda a exibição do filme. E, como ele mesmo disse em uma entrevista, ele não quis roubar o seu próprio conceito. Usou truques e fundos mais iluminados para destacar a vilã, ao invés de jogar uma luz leve sobre ela.

O filme em si é bastante curto e há uma explicação muito curiosa para isso. O fato se deve pela decisão dos envolvidos de cortarem os últimos 10 minutos da projeção. Aparentemente, durante os testes de exibição, os espectadores não gostaram do desfecho, acusando-o de tirar o impacto de um dos momentos mais importantes do filme. Com isso em mente, um novo corte foi feito. O desfecho final do filme foi sólido e não deixa um gancho óbvio para uma segunda parte, apesar de sugerir de uma forma bem sucinta que aquilo pode não ser o fim. E, como uma sequência já recebeu sinal verde, de fato não vai ser a última vez que vemos Diana nos atormentando nas sombras. Espero que eles eventualmente liberem a cena deletada como bônus no DVD/Blu-ray, até porque, seria uma excelente adição aos bônus extras.

Não posso deixar de comentar também que o filme começa com uma ótima homenagem ao curta-metragem em que é baseado. Não só temos uma recriação da cena icônica em que a personagem fica acendendo e apagando a luz – enquanto uma entidade permanece parada no escuro –, como cena também é interpretada pela mesma atriz do curta. Para quem não sabe, a atriz, Lotta Losten, é a esposa do diretor. Ela foi a protagonista de todos os curtas dele antes que ambos ganhassem reconhecimento. E o próximo projeto da dupla já está definido! David F. Sandberg irá dirigir a sequência de Annabelle, enquanto sua esposa irá interpretar algum papel não especificado. O primeiro filme da boneca demoníaca foi bem fraco, então vamos ver se Sandberg consegue levantar a franquia. Quanto a Quando as Luzes se Apagam, é um filmaço! Tem um enorme potencial para ser o início de uma nova franquia de sucesso, com ótimos personagens, cenas tensas e uma antagonista que tem um potencial de se tornar a nova sensação do gênero.

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Trailer Legendado:

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