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[Crítica] Annabelle


Direção: John R. Leonetti
Ano: 2014
País: EUA
Duração: 99 minutos
Título original: Annabelle

Crítica:

Todo mal tem uma origem.

Depois do estrondoso sucesso tanto de crítica quanto de público de Invocação do Mal, estava mais do que claro que uma sequência receberia sinal verde muito cedo. Para a surpresa daquelas que ficaram impressionados com o filme, um spin-off também recebeu o sinal para seguir em frente. A missão? Contar a origem da história da boneca mais macabra da atualidade, Annabelle. É mesmo chocante ver que a boneca roubou todas as cenas em que apareceu, merecendo sim um filme próprio. Infelizmente, karma existe, porque depois de se destacar em um filme que não era realmente seu, Annabelle não consegue segurar sua própria trama, ficando apagada na maior parte do tempo.

A história segue um casal, John e Mia – que está grávida. A vida normal deles vira um pesadelo quando são atacados em sua própria casa por dois psicopatas, que fazem parte de um culto satânico. As vítimas conseguem sobreviver, mas continuam com as cicatrizes emocionais do ataque. Quando tentam superar isso, coisas estranhas passam a acontecer ao redor da casa, deixando Mia em um estado vulnerável. Logo, torna-se claro que as atividades parecem estar sendo canalizadas através da boneca Annabelle, que esteve em posse de um dos psicopatas segundos antes dele morrer. Agora, Mia terá que correr atrás de uma escapatória à medida em que descobre os verdadeiros objetivos das forças sinistras que espreitam sua família. Porém, enquanto tenta lidar com essa realidade aterrorizante, Mia percebe que o mal por trás de tudo pode ser muito mais demoníaco do que havia imaginado.

Esse filme certamente foi uma grande decepção para todos. Mesmo depois das críticas negativas, eu ainda mantive minhas esperanças, mas elas foram devastadas depois que os créditos finais começaram a subir. Isso não quer dizer, no entanto, que é o pior filme do ano - como muitas críticas que li adoraram anunciar. Annabelle tem sim os seus charmes, mas se perde em um roteiro fraco. No geral o filme consegue ser decente, mas não chega aos pés de Invocação do Mal. Na minha opinião, o pior inimigo deste spin-off foi o roteiro, que tentou adicionar diversos elementos na história, mas não soube desenvolver competentemente nenhum deles. É uma pena, porque a boneca merecia um filme muito melhor do que este, até porque, já havia provado antes que conseguia afetar os espectadores antes.

Por que a participação da Annabelle não consegue ser tão eficientemente assustadora em seu próprio filme quanto em Invocação do Mal? É difícil dar uma resposta bem definida para esta pergunta porque muitos elementos contribuíram para o enfraquecimento da boneca dentro da trama, mas podemos dizer que, neste enredo, ela não passou de um instrumento do verdadeiro vilão do filme (como a faca do Michael Myers). A boneca divide a tela com diversas outras manifestações sobrenaturais, e consequentemente foi deixada de lado a maior parte do filme. O roteiro falha justamente ao montar uma história sobre a boneca, mas não dando qualquer importância para ela na trama.

Diferente de outros bonecos malignos como o Chucky, a Annabelle não tem vida própria. Não a vemos se mexendo ou falando. Como já havia sido explicado em Invocação do Mal, ela é apenas receptáculo. As forças demoníacas ganham força através dela, mas não necessariamente a fazem ganhar vida. O sucesso da boneca se deu por causa daquele elemento de "desconhecido". A narração dos três amigos no começo do filme original é assustadora justamente por ser tudo sugerido. Esse spin-off, ao invés de tentar construir essa mesma tensão, investe em aparições convencionais de fantasmas. E o pior, o roteiro sequer define muito bem onde começa a assombração da psicopata e o demônio que habita a boneca. No final, o enredo inteiro vai parecer confuso e até mesmo desleixado.

Mas, como já disse, nem tudo está perdido, porque há algumas ótimas e tensas sequências neste filme - em especial a cena do elevador, que volta a investir mais na sugestão do que aparição. Além disso, a protagonista, além de ser muito carismática, toma diversas decisões racionais no decorrer do filme, que ajudam ainda mais a humanizá-la. Suas ações refletem justamente o que pessoas normais fariam no lugar dela, como a escolha de se livrar da boneca logo no começo da história. Ainda assim, sinto que o terceiro ato voltou a ser uma grande decepção. Ao invés do filme acelerar e realmente mostrar ao que veio, o roteiro investe em saídas fáceis, que acabam muito mais rápido do que deveriam.

Enfim, é mesmo uma pena que este filme não tenha conseguido alcançar todo o seu potencial. No meu ponto de vista, Invocação do Mal já havia feito todo o trabalho pesado ao introduzir a boneca, além de criar seu design assustador. Com o terreno pronto, tudo o que Annabelle precisava fazer era contar a sua história. Por isso, vale muito a pena ler os artigos sobre a boneca verdadeira na internet, que são extremamente macabros. Como curiosidade, vale ressaltar que os produtores fizeram uma homenagem à boneca original, e ela pode ser vista no fundo da cena final, onde a mulher encontra a Annabelle para vender. Por último, quero reforçar mais uma vez que este filme não é de todo ruim, apesar de também não ser memorável. Pode ser uma boa opção caso você esteja procurando por diversão passageira e descompromissada, mas não passará disso.


Trailer Legendado:

Comentário(s)
1 Comentário(s)

Um comentário:

  1. A ideia do filme até que foi bacana, mas muito mal aproveitada. A boneca era um receptáculo, mas poderia muito bem ser mais usada pelo demônio para assustar o casal. O filme falha no quesito "terror" também, porque eu só tomei susto mesmo em algumas raras cenas.
    Eu ainda não entendo porque eles não adaptaram a história original e real de Annabelle, com os três amigos (que foi mostrada no início de "Invocação do Mal"). Seria bem mais interessante.

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