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Crítica | Esquadrão Suicida


Direção: David Ayer
Ano: 2016
País: EUA
Duração: 123 minutos
Título original: Suicide Squad

Crítica:

A justiça tem um lado mau.

Depois de O Homem de Aço e Batman vs Superman: A Origem da Justiça, a DC Comics finalmente investiu em um projeto com personagens novos. É claro que temos alguns nomes mais conhecidos pelo grande público, como o Coringa, mas a grande maioria está dando as caras pela primeira vez nas telonas. Com uma campanha de marketing extremamente inteligente e bem-humorada, Esquadrão Suicida rapidamente se tornou umas das estreias mais aguardadas do ano. Parecia uma aposta certa de sucesso, além, é claro, de provocar uma mudança na postura dos críticos pelas produções da DC, cuja recepção não tem sido das mais calorosas. Infelizmente, apesar de ter batido recordes de bilheteria, o filme foi massacrado pelos críticos, resultando em uma taxa de aprovação baixíssima. Mas será que todo esse ódio é justificável?

Na trama, a oficial de inteligência dos EUA, Amanda Waller, ciente das ameaças diárias que o mundo tem enfrentado em um universo cheio de indivíduos extraordinários, resolveu criar uma força tarefa extremamente peculiar; um grupo seleto de vilões, sem nada a perder e descartáveis. Para controlá-los durante a missão, um chip mortal é introduzido em seus pescoços. Se tentarem fugir, morrem; se tentarem remover o chip, morrem; e se desobedecerem, morrem. É por isso que o nome da equipe fica conhecido como Esquadrão Suicida, porque eles irão para um lugar sem esperanças enfrentar uma ameaça poderosa em uma missão que provavelmente os matará; e eles não podem recusá-la. Quando um dos próprios recursos da Waller saem do seu controle, o esquadrão será mandado para acabar com o problema. Ser mau nunca foi tão bom!

É de conhecimento público que depois da ótima recepção quando o trailer foi liberado, a Warner Bros pediu para que novas cenas fossem filmadas com a intenção de acrescentar mais humor à trama. Segundo fontes, as mesmas piadas que agradaram tanto o público no vídeo promocional de apenas dois minutos de duração também eram as únicas em todo o filme. Abandonando então o tom mais sério estabelecido pelas recentes produções da DC – mas ainda mantendo um clima sombrio –, Esquadrão Suicida prometia uma jornada divertida através de personagens politicamente incorretos. E, de fato, foi exatamente isso que foi entregue. Não se deixem enganar pelas críticas, o filme é bastante divertido sim, ainda que esteja muito longe de ser perfeito.

Os problemas principais estão em torno de sua estrutura. Além de uma história fraca, que consiste basicamente em acompanharmos o grupo ir de um ponto A para o B, somos apresentados a uma péssima edição. Talvez por causa das refilmagens e da mudança do tom, mas o resultado final se tornou uma mistura evidente; as sequências de apresentação inicial não tiveram o impacto que careciam, e o excesso de flashbacks cortaram a progressividade da trama. O tom do filme oscila sem parar entre sério, dramático, engraçado e pateta; e, se por um lado, diverte, por outro não tem como levar alguns dos dramas a sério. Mas ainda há sequências de ação e diálogos divertidos o suficiente para que ninguém aponte o filme como arrastado.

O pronto alto da produção obviamente fica por conta dos seus personagens. Nem preciso dizer que a Arlequina é a dona do filme! Sua caracterização está ótima, e a atriz Margot Robbie fez um trabalho fenomenal na construção de sua personagem. O Pistoleiro, interpretado pelo veterano Will Smith, segue logo atrás e consegue se manter à altura do protagonismo de sua parceira de cena. O resto infelizmente não recebeu tempo de tela suficiente, e foram desperdiçados pelo roteiro. Queria ter visto mais do Capitão Bumerangue e do Crocodilo, que estiveram ótimos nas poucas cenas em que apareceram. Em contrapartida, Cara Delevingne é frequentemente apontada como o elo mais fraco, o que de fato é verdade. Sua personagem é uma das mais importantes da trama, mas foi muito mal desenvolvida. Nem posso falar muito sobre a atuação da atriz em si, que na maioria das vezes está sempre disfarçada atrás de CGI e voz modificada.

Viola Davis como Amanda Walker dispensa comentários; ótima, como sempre, está deliciosamente perversa. Por último, mas não menos importante, temos o Coringa do Jared Leto, que recebeu uma grande atenção do material promocional do filme. A interpretação do ator está muito boa sim, mas decepcionante se levarmos em consideração todo o hype em torno das bizarrices que ele fez para incorporar o personagem. Leto apresentou um tom próprio para o seu palhaço do crime, mas não consegue chegar aos pés do brilhantismo do finado Heath Ledger. Quem estiver ansioso pelo personagem também irá se decepcionar pelo pouco tempo em tela que ele ganhou na edição final do filme – segundo o próprio ator, muitas de suas cenas foram cortadas, e que ele havia gravado o suficiente para montar até mesmo um filme solo.

Seu relacionamento com a Harley Quinn, ainda que problemático, não é apresentado de forma tão brutal quanto nas HQs. Nesta adaptação, o Coringa parece legitimamente se importar com a Arlequina, algo que certamente não pode ser confirmado na mídia de origem. Enfim, esse filme tinha potencial para ser um dos melhores deste universo DC, mas infelizmente fica abaixo dos lançamentos anteriores. Não se enganem, está longe de ser ruim, mas certamente traz alguma decepção; pelo menos foi divertido assistir uma trama menos séria, para variar. Não citarei nomes para não estregar a surpresa de ninguém, mas este filme também traz algumas participações especiais de figuras icônicas já apresentadas neste novo universo da DC Comics, o que contribui para reforçar a conexão entre os seus títulos. Agora só resta esperar pelas próximas estreias, que incluem o ambicioso Liga da Justiça, e torcer para que haja uma evolução em seus futuros lançamentos.


Trailer Legendado:

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