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Crítica | 12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição


Direção: James DeMonaco
Ano: 2016
País: EUA
Duração: 105 minutos
Título original: The Purge: Election Year
Título Alternativo: Uma Noite de Crime 3: O Ano da Eleição

Crítica:

Por apenas uma noite,
a América te convida para uma tradição anual.

Caso alguém ainda esteja se perguntando, sim, este é o terceiro filme da franquia conhecida no Brasil como Uma Noite de Crime. Assim como vocês, fiquei bastante intrigado com a mudança e resolvi pesquisar sobre os motivos que levaram a essa decisão. Acontece que a distribuidora nacional, a Universal Pictures, tratou o segundo capítulo da franquia com o maior desleixo, lançando-o praticamente direto em DVD. Na tentativa de capitalizar em cima desta nova sequência – que tem se provado bastante popular –, eles decidiram desvincular esta terceira parte da franquia a qual pertence. Porém, do que adianta renomear o filme que eles continuam cometendo os mesmos erros? A estreia está marcada para o dia 15 de Setembro, mais de dois meses após o lançamento nos EUA. Ainda falta mais de um mês para ser exibido nos cinemas nacionais – isso, é claro, se não for cancelado – e o filme já circula na internet há semanas. Alguma dúvida de que irá fracassar em território nacional?

Na trama, mais uma vez seguimos Leo Barnes, dois anos depois que dele ter desistido de sua vingança na Noite do Expurgo. Agora, atuando como chefe de segurança da Senadora Charlie Roan, sua missão é protegê-la em sua busca para se tornar a própria Presidente dos EUA e sobreviver ao expurgo anual que tem direcionado sua brutalidade nos pobres e inocentes. A própria Senadora já foi vítima deste ritual, onde, anos atrás, perdeu toda sua família nas mãos de um psicopata. É por isso que o ponto alto de sua campanha é parar a tradição de sangue que mutilou a sociedade do país. Porém, quando uma traição os força a sair pelas ruas na única noite em que não há nenhuma ajuda disponível, eles têm que se manter vivos até o amanhecer... ou ambos serão sacrificados pelos seus pecados contra o estado.

É irônico que tenham optado por trocar o título justamente no capítulo que continua diretamente os eventos do filme anterior, enquanto o primeiro e o segundo não têm quase nenhuma ligação além do expurgo. Mas também não é preciso assistir ao segundo filme para entender este terceiro, suas tramas são independentes, mas, considerando que este capítulo traz o retorno do protagonista do filme anterior, é sempre recomendável assisti-lo antes – até porque, o personagem Leo Barnes tem um arco importante na sequência em que é introduzido. Gosto do personagem e não há dúvidas de que ele é extremamente resistente e habilidoso, mas sua figura na franquia tira o foco do gênero inicialmente proposto, entrando no território "herói de filme de ação".

Essa é justamente uma das minhas queixas a respeito desta sequência. Há pouco terror e suspense, abrindo espaço para mais sequências de ação. É uma noite onde todos estão livres para sair matando a vontade, mas poucos psicopatas circulam pelas ruas. Em geral, este filme apresentou um tom bem diferente, focando em gangues e tiroteios; elementos típicos de filmes de ação. Senti falta de figuras que se destacassem, o que enfraqueceu esta terceira parte. A figura mais icônica do filme é a garota psicótica buscando vingança pelo seu desejo interrompido por uma barra de chocolate. O grupo dela tem uma boa caracterização, chama atenção de longe e sua chegada ao som de Party in the USA, da Miley Cyrus, certamente foi um dos momentos mais divertidos deste filme.

O roteiro dessa terceira parte ainda introduz o "turismo assassino", mostrando turistas vindo para os EUA especialmente para participar do expurgo. É um conceito muito interessante que certamente merecia ter sido mais explorado. Há uma breve aparição do grupo mais tarde em um ponto do filme, mas eles são tão irrelevantes que nem mereciam ser citados. Como disse, esta sequência mostrou ruas desertas, poucas figuras icônicas e quase nenhuma violência pelas ruas. Foi bastante decepcionante! Até achei interessante a introdução do governo do mal caçando sua oponente, mas isso tomou conta de todo o roteiro, tirando grande parte da diversão do tema. Se houver um outro filme – o que é muito provável se considerarmos seu sucesso –, espero que eles voltem a focar nas figuras bizarras caçando pela noite. E, claro, introduzir um maior número de personagens para que possamos vê-los morrer. Pelo menos todos os personagens que foram apresentados neste filme se mostraram bastante carismáticos, o que contribuiu para que eu torcesse por eles.

Confesso que esperava mais do desfecho da trama! Parece que faltou alguma coisa, uma boa reviravolta. Tudo se resolveu da forma mais óbvia possível, o que, mais uma vez, foi decepcionante. Apesar de parecer uma conclusão para a franquia, ainda há milhares de formas para que ela possa continuar, tais como prequels, a implementação do expurgo em outros países e o próprio desfecho que apresenta novas possibilidades de confronto. Para vocês terem uma ideia, eles poderiam fazer dezenas de filmes narrados em uma única noite, quem dirá décadas de tradição assassina. Essa é uma das franquias mais interessantes lançadas nos últimos anos porque não há limites para o seu desdobramento. É uma pena que o seu criador, James DeMonaco – responsável pela direção e roteiro de todos os filmes da franquia –, não consiga expandir os seus próprios conceitos.


Trailer Legendado:

Comentário(s)
1 Comentário(s)

Um comentário:

  1. Estava tão empolgado para assistir esse filme que acabei vendo um piratão. Apesar da sinopse prometer algo grandioso, o filme não passa de um rascunho do segundo, mas sem grandes supresas e reviravoltas.
    A história do Barnes teve um ótimo desfecho no segundo filme, trazê-lo novamente como protagonista teria que ter uma justificativa muito plausível, o que não acontece nesse filme em que ele não passa de um lacaio.
    A história secundária é fraca e previsivel demais. Os psicopatas, tirando as meninas da loja, não geram aquela tensão como nos anteriores e o padre purgador soou, no mínimo, ridículo.
    O filme em si é mediano, mas como existe a profecia de que o terceiro é sempre o pior, esperemos pelo quarto.

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