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Crítica | Águas Rasas


Direção: Jaume Collet-Serra
Ano: 2016
País: EUA
Duração: 86 minutos
Título original: The Shallows

Crítica:

Não é só mais um dia na praia.

Já faz um tempo considerável desde a última vez em que vi um bom filme de tubarão – e mais tempo ainda desde que os predadores das profundezas receberam alguma notoriedade nas telonas. Se não me falha a memória, o último grande lançamento do gênero foi Terror na Água, e ele está longe de ser considerado um bom filme. Pode ter proporcionado alguma diversão passageira, mas o roteiro em si trouxe algumas explicações bem ridículas. Não podemos esquecer, porém, de Bait, lançado em um circuito menor – ainda inédito no Brasil –, e que merecia muito mais atenção do que realmente teve. É um filme de tubarão sólido, ainda que não seja perfeito. O problema é que ambos os títulos foram lançados há cinco anos atrás, deixando-nos todo esse tempo ansiando por sangue novo na água.

Na trama, Nancy vai para uma afastada e relativamente desconhecida praia para surfar e se desligar do mundo. O lugar traz uma conexão especial com a sua falecida mãe, o que torna toda a experiência muito mais pessoal. No entanto, o que era para ser uma boa lembrança, se torna em um verdadeiro pesadelo quando Nancy é atacada por um grande tubarão branco. Sem saber, ela havia invadido sua área de alimentação, o que consequentemente a torna um alvo do animal. Agora, cercada em um rochedo a 200 metros da costa, a garota terá que ser mais esperta que a máquina de matar que a circula. Seu tempo, porém, é curto, já que a maré cheia ameaça o único refúgio que a separa do tubarão. Em um teste de sobrevivência, Nancy precisará usar toda sua criatividade, desenvoltura e coragem para vencer um inimigo maior, mais forte e em sua própria área.

Quem costuma ler os meus textos sabe que eu adoro filmes envolvendo animais assassinos. No final dos anos 90, tivemos alguns ótimos lançamentos sobre o tema – como Anaconda e Do Fundo do Mar –, mas atualmente estes são raros. Talvez a culpa seja das produções bagaceiras da SyFy, que ridicularizaram incansavelmente esse subgênero, afastando qualquer investimento sério nele. A estreia de Águas Rasas vem em um momento importante, tendo a chance de revitalizar a fé das pessoas nestes tipos de produções. Animais assassinos não servem apenas para estamparem filmes ruins lançados diretos para a TV. Alguns dos maiores medos em geral envolvem animais; sejam aranhas, cobras ou tubarões. Se usados de forma correta, podem render filmes extremamente tensos. E este é exatamente o caso de Águas Rasas, um filme implacável que deixará todo mundo encolhido em suas cadeiras.

Um dos grandes questionamentos deixados desde que havia sido anunciado era se a atriz Blake Lively conseguiria levar o filme nas costas. É preciso que haja muita força e presença para tomar conta da tela sozinha, e Lively certamente consegue. Nos simpatizamos pela personagem não só pela história de fundo que nos é apresentada, como também por causa da sua grande determinação em sair viva daquela praia. A personagem, que largou a faculdade de medicina – o que é uma inteligente forma de justificar algumas de suas habilidades de sobrevivência –, consegue bater de frente com o tubarão, tornando-se um inimigo à altura. Os ataques estão implacáveis, e o tubarão, criado a partir de efeitos visuais, está muito bem feito.

O terceiro ato do filme se torna um embate direto entre mulher e animal, onde os dois atacam com toda sua fúria, resultando em uma sequência frenética de tirar o fôlego. Reconheço que o desfecho é mesmo bastante forçado, mas certamente não prejudica o filme em si. Apesar de fugir completamente da realidade, é entretenimento de primeira qualidade. O roteiro faz o máximo possível para justificar o comportamento do animal, e até consegue fazer sentido; mas o fato é que Águas Rasas foi feito para divertir os espectadores com as suas sequências de ataques tensas e apresentar uma luta pela sobrevivência impactante. E, com isso em mente, posso declarar confiante que ele foi bem-sucedido em sua proposta. O filme entrega uma protagonista forte e carismática, e consegue fazer com que a gente se importe até mesmo com uma gaivota (!).

A direção é excelente e traz um verdadeiro deleite visual. A fotografia é incrível, principalmente as imagens embaixo d'água, que estão belíssimas. Jaume Collet-Serra, cujos trabalhos anteriores – A Casa de Cera e A Órfã – eu já amava, explora o máximo de sua simples premissa, entregando um filme de qualidade e muito bem produzido, com um orçamento relativamente baixo. Com o sucesso desta produção, espero que os animais assassinos ganhem novas oportunidades para assustar os espectadores nas telonas. Há um grande público para este segmento; basta entregar algo de qualidade. Curiosamente, neste ano também saiu outra produção tensa envolvendo tubarões, In the Deep, trazendo uma premissa contrária a de Águas Rasas. Seria lançado direto em vídeo, mas com o sucesso deste filme, ganhará uma passagem limitada pelos cinemas. Enfim, sobre este filme em si, é certamente uma grande experiência cinematográfica; desligue o cérebro e divirta-se com esta produção descompromissada e muito bem executada.


Trailer Legendado:

Comentário(s)
1 Comentário(s)

Um comentário:

  1. ótimo filme, tenso ate o fim, a garota do blog BLOGOU legal nesse filme, kkkkkkkkk
    não esperava que ela conseguisse carregar o filme nas costas desse jeito, me surpreendeu.
    ótima critica, so assisti devido a ao seu texto
    PARABENS

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