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Crítica | A Última Premonição


Direção: Kevin Greutert
Ano: 2015
País: EUA
Duração: 82 minutos
Título Original: Visions

Crítica:

Sangue manchará a terra.

Depois de fazer um sucesso considerável nos últimos anos – especialmente por causa do talentoso James Wan –, filmes de terror focando em temas sobrenaturais têm sido comuns nas telonas. A Última Premonição é mais uma dessas tentativas de capitalizar em torno do tópico do momento. Apesar do elenco repleto de rostos conhecidos, porém, o filme caiu no esquecimento antes mesmo de ter tido a oportunidade de ganhar conhecimento do grande público. Nos EUA, país de origem, foi lançado direto em VOD e plataformas digitais, enquanto, no Brasil, recebeu uma surpreendente estreia limitada nos cinemas pela distribuidora PlayArte. Nada disso reflete bons sinais para a produção, mas será mesmo que ela deveria ter sido esquecida ou há algo que vale a pena salvar?

Na trama, um ano depois de um acidente terrível, seguimos Julia e o seu marido, David, que se mudam para uma linda casa em um vinhedo. O objetivo do casal é deixar o agito da cidade para trás, um recomeço, para seu futuro filho que Julia carrega na barriga. No entanto, a calmaria se transforma em um pesadelo quando Julia passa a ser atormentada por terríveis visões pelo terreno. Ninguém mais ouve ou vê essas alucinações, nem mesmo David, que fica cada vez mais preocupado com o bem-estar de sua esposa. Enquanto todos à sua volta acham que ela ainda está sofrendo com os traumas do acidente, Julia sente que há algo sobrenatural por trás dos acontecimentos, mas nem tudo é o que parece, e alguns sinais, quando interpretados incorretamente, podem custar sua vida.

Confesso que A Última Premonição não havia chamado minha atenção à primeira vista, parecendo ser mais um suspense morno digno do Supercine na Globo. Minha curiosidade foi despertada depois de ler algumas críticas elogiando o terceiro ato da produção, que garantia uma boa reviravolta na trama. De fato, o desfecho é o seu momento mais inspirado, apesar de ser um filme relativamente fraco e até mesmo irritante algumas vezes, mas que definitivamente tem o seu valor. O roteiro pode parecer batido – e, até o final, realmente é –, mas surpreendente com a criatividade em torno da revelação do mistério, que segue um caminho totalmente contrário do que se podia prever. É neste momento que a trama subverte nossas expectativas e o filme finalmente passa a entreter os seus espectadores.

Mas seria o desfecho suficiente para salvar o resto da produção? Acredito que cabe a cada um decidir. Para mim, terminou ligeiramente acima da média, mas não posso deixar de lamentar que o conceito teria muito mais impacto caso fosse seguido de uma trama bem conduzida. Os dois primeiros atos são sofríveis; lotados de jump scares clichês. A princípio pensei que a edição do som fosse apenas ruim, porque o diálogo estava muito mais baixo do que a trilha sonora, mas logo me peguei acreditando que aquilo era um recurso barato para aumentarmos o volume para escutarmos os personagens conversarem só para, alguns minutos depois, um som alto, estridente e desagradável tentar nos assustar. Não posso dizer o quanto isso é irritante – e acontece o tempo inteiro. E o pior é que na maioria das vezes não tem nenhuma figura maldita pulando na tela; apenas a trilha sonora fazendo um estrondo sem nenhum bom motivo além de nos irritar.

Com tantos atores conhecidos, é de se admirar que o enredo não tenha aproveitado o seu elenco de apoio. Jim Parsons (The Big Bang Threory) e Eva Longoria (Desperate Housewives) estão praticamente fazendo figuração no filme, enquanto o marido da protagonista, interpretado por Anson Mount (Hell on Wheels), nunca se mostra relevante na trama. Praticamente ninguém age como uma pessoa normal, o casal principal não tem a menor química, e a protagonista parece ser incapaz de elaborar frases com sentido – o que torna compressível ninguém se importar com o que ela diz, ainda que o marido sequer tente. Não posso dar spoilers, mas confiem em mim quando digo que não é difícil descobrir o fio condutor da narrativa. O roteiro apresenta os fatos bem mastigados, então quando o antagonismo se manifesta, a única surpresa em torno disso é a sua similaridade com um certo outro filme do gênero.

A verdadeira surpresa do terceiro ato gira em torno das manifestações vistas pela protagonista no decorrer do filme. No final, tudo se une de uma forma muito interessante; além de investir em um conceito original, distancia-se do famigerado clichê das assombrações. É um bom desfecho, que certamente eleva a qualidade do filme, mas ainda assim não consegue apagar os seus pontos negativos – apesar de mascará-los um pouco. Como já disse, caso esse conceito fosse desenvolvido em um bom roteiro, com uma boa direção, poderia ter resultado em um filme sensacional. Neste caso, foi apenas um lampejo de originalidade que está destinado a ser apagado, afinal de contas, A Última Premonição não é um filme memorável. Pode servir como uma diversão passageira, mas não irá demorar para cair no esquecimento.


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