[Livro] The Double Me - 3x08: But I'm Not That Evil, You Know [+18]
3x08:But I'm Not That Evil, You Know
“Conquiste a coroa e o mundo será seu até não mais ser”.
— Agora purifiquem suas mentes — Orientou a tutora
em frente a classe. — A tela é o seu templo pessoal. Deixe-a falar por si mesma
como se ponderasse consciência.
Amber fez uma careta para a amiga. Sentada na
fileira ao lado, na mesma direção, Mia parecia a única a compartilhar o mesmo
desagrado quanto a poesia da Senhora Tattler.
— O corpo possui uma linguagem própria —
Continuou ela. — E cabe a todos vocês decifrá-la. Querido, revele-se, por favor
— Ordenou ao modelo em cima do pedestal.
Quando o roupão de seda veio abaixo, a classe
inteira oscilou. Os que não apreciavam a exuberância do homem formoso a sua
frente eram os donos dos cochichos inaudíveis e das risadinhas previsíveis.
Para Mia e Amber era mais um motivo para nunca perder a aula de pintura outra
vez.
— É apenas o corpo humano, puro e simplesmente
— Disse a Senhora Tattler. — Vocês têm uma hora — E caminhou de volta até sua
mesa no fim da sala.
Mia aceitou o desafio. Pegou dois pincéis, as
cores predominantes do ambiente e concentrou-se no modelo. Era impossível não relacioná-lo
a um deus grego que fora transformado em uma admirável estátua. Era branco como
a neve, tinha um corpo escultural e os cabelos semi cacheados. A natureza também
não parecia ter revogado privilégios quanto ao membro viril totalmente exposto.
— É um bom momento para agradecê-la por ter me
convencido a fazer aulas de pintura? — Perguntou Amber num sussurro.
— É sempre um bom momento para admitir que eu
estou certa — Mia não tirava os olhos de seu trabalho artístico. Já havia
captado o estilo de seu esboço e as cores diferenciadas que a manteriam
original.
— Olhe para ele... Sinto que poderia comê-lo
vivo como uma canibal.
— Você deveria empregar todo esse desejo na
sua tela. Poderia chama-lo de... — Mia fingiu estar pensando. — “Vagina de Troia”.
— Ew, Mia, não diga a palavra com V!
— Silêncio! — Pediu a Senhora Tattler, o olhar
severo por baixo dos óculos.
Amber pediu perdão em silêncio e voltou a concentração
a sua obra. Dez segundos depois já estava novamente burlando as regras.
— E se ele ficar excitado?
— Amber, cala a boca — Mia utilizou a voz
arrastada e nada discreta ao mesmo tempo em que prendia um riso.
— É sério. Isso já deve ter acontecido antes,
não é? Ele troca olhares com alguma aluna, ela sorri, ele imagina ela pelada e
as coisas... Esquentam.
— Silêncio! — Era o segundo aviso da senhora
Tattler.
Amber pediu perdão outra vez e voltou a fitar
a tela em branco. Não poderia pintar o modelo com traços de realismo, porque as
máquinas fotográficas já faziam isso. Não poderia criar uma pintura abstrata.
porque precisava captar a essência do corpo humano através do nudismo. Não
havia muito o que fazer perante sua criatividade limitada e o dígito zero que
calculava sua força de vontade.
Foi em meio sua indecisão que sentiu o celular
vibrar. Por sorte havia lembrado de acionar o modo silencioso antes de adentrar
a classe.
— Quem é? — Mia interessou-se repentinamente.
— Que engraçado. A mensagem é do Cameron e ele
diz “Olhem para trás”.
Ambas viraram ao mesmo tempo. Cameron sorriu da
última fileira e fez um sinal com a cabeça para Mia. Amber não entendia o que estava
acontecendo, mas Mia percebeu que alguém tinha assuntos para tratar. Pediu
licença para se retirar e seguiu o garoto pela porta. Cameron parou a alguns
metros de distância, pairando o olhar sobre a paisagem aberta do corredor.
— Algo aconteceu? — Mia perguntou. — É sobre o
Nate?
— Tragédia é tudo no que os Strauss pensam? Não
há dramas o suficiente no mundo para deixá-los completamente satisfeitos.
— Não somos tão próximos para termos esta
conversa. Diga o que quer e vá embora.
— O que eu quero, querida irmã? — Cameron
aproximou-se de maneira intimidante. — Você sabe muito bem o que eu quero... Aonde
está o meu negócio?
Mia olhou para os dois lados só para garantir.
Não podia acreditar que teriam esta conversa ali, num lugar público, entre
várias testemunhas.
— Não é o lugar e nem a hora — Ela disse.
— Precisarei de hora marcada?
— Você entendeu o que eu disse.
Cameron suspirou.
— Por que vocês mulheres complicam tudo? Apenas me dê qualquer coisa agora e o restante
quando lhe for conveniente.
Mesmo hesitante, Mia estava disposta a fazer
qualquer coisa para vê-lo ir embora. Olhou para os lados, tirou um pacote de
sua bolsa e entregou discretamente ao meio irmão.
Cameron sorriu satisfeito.
— Viu? Não foi tão difícil — Acariciou as
bochechas dela de maneira invasiva. — Você é a melhor irmã que eu já tive.
Mia afastou-se. Vê-lo partir não parecia tão
agoniante quanto vê-lo chegar. Mas a culpa continuava a mesma.
൴
Nate adentrou ligeiro e espontâneo a sala de
reuniões, ainda abotoando seu paletó.
— Sinto muito por fazê-los esperar,
cavalheiros — Disse enquanto caminhava até seu lugar.
Sentado no extremo da mesa, Theon o acompanhou
seus passos com o único olho verde. Havia três homens entre ele e o lugar
honorável que o herdeiro Strauss reivindicou.
— Estávamos prestes a reagendar a reunião — Informou
Larry Waltyr, dois lugares a esquerda do presidente.
— Isso não será necessário.
Já em sua posição, Nate abriu a pasta que
havia trazido e tomou posse de tudo o que precisava: O pen drive elegante na
forma do logotipo Strauss e o pequeno controle remoto do data show. Só precisou inserir o pequeno objeto no lugar adequado e
apertar os botões certos para que a enorme tela branca descesse aos olhos do
conselho. Theon estava preparado para absorver cada detalhe do que estava por
vir.
— Hotel LeFevre, Wilmington, Carolina do Norte
— Ao soar da voz do Presidente, a imagem de um fabuloso hotel vermelho surgiu
na tela em branco. — Fundado em 1945, esteve durante três décadas na lista dos
mais sofisticados, com um seleto público de celebridades que inclui Brigitte
Bardot, Raquel Welch e Muddy Waters. O motivo para ser abolido das listas
posteriores? Um incêndio acidental ocorrido em 1981, que dizimou onze dos vinte
e um andares e matou pelo menos dezenove hóspedes — As imagens da tragédia
imergiram após um clique. — Com a causa do incêndio descoberta, o hotel foi
processado pelas vinte e nove famílias lesadas e teve que fechar suas portas. Muito
se ouviu sobre a possível reforma do coração de Wilmington nos últimos trinta
anos, mas a propriedade acabou nas mãos do governo.
— Vá direto ao ponto, Senhor Strauss — Disse Dorian
Casteller. Nate estava certo de que era um dos membros mais inflexíveis na
bancada, sempre carrancudo e impaciente em sua cadeira.
— A reunião de posse do hotel acontecerá
dentro de quarenta e oito horas, em Wilmington. Eu estarei representado a
Strauss Internacional como um possível comprador.
Alguns homens se entreolharam; outros
mostravam-se satisfeitos com seus próprios raciocínios diante da proposta. Theon
era o único disposto a pronunciar-se.
— Apreciamos muito seu conhecimento a respeito
da história da estadia americana, mas por que uma propriedade condenada e
esquecida seria relevante aos interesses da Strauss International?
— Ótima pergunta, Senhor De Beaufort — Nate
preparou o conteúdo do data show para
responder. Ao invés dos destroços após o incêndio, havia uma animação
profissional de sua arquitetura. — Esta é a estrutura original do hotel. Após
uma série de análises, de acordo com meus cálculos, o reaproveitamento da
prévia estrutura poderá nos fornecer um ótimo ponto de partida para que a
reforma seja moderada e os ambientes recriados de acordo com os padrões da
franquia Strauss. Reformulando o planejamento, a expansão estará a nosso
critério.
— E quanto a possibilidade de investir em uma
propriedade que pouco necessita de reformas?
— É uma questão geográfica — Nate liberou a
próxima animação. — Neste mapa podemos ver as cidades e os estados onde a franquia
Strauss tem predominância. Seguindo o traçado de Nova York até o sul... — Ele
apontou. — Veremos a Carolina do Norte como o único estado de fora desta
equação. O litoral de Wilmington serviria como uma luva para implementar as
apreciações turísticas e impulsionar os resultados.
Os cochichos do conselho soavam como delicadas
cantigas aos ouvidos de Nate. A maioria estava impressionada com sua habilidade
para os negócios; outra parte mal conseguia acreditar que havia proeminência em
suas ideias. Quanto a Theon, tudo o que Nate sabia era que não estava mais em
posição de continuar suas objeções. A distância compelida de seu único olho
verde contava ponto para o novo presidente.
— Não há muito a fazer — Disse Gregory Wayland,
o jovem de óculos e cabelo espetado a três assentos da direita do presidente. Parecia
ter encontrado o melhor amigo no macbook
em suas mãos. — A reunião será exclusiva para ex sócios e filiados da antiga
formação do conselho original. Mesmo que a Strauss International seja a
exceção, será difícil competir com Bellagio
tendo em vista o último escândalo envolvendo Simon e a quebra de contrato referente
a nova presidência.
Nate estava impressionado com a quantidade de
informações repassadas a Gregory através da internet e em tão pouco tempo. Não fazia
cinco minutos que começara a apresentar seu novo projeto.
— É por isso que a Strauss International não
pode limitar-se a oferta — Disse em resposta ao jovem. — Com o investimento
apropriado, certamente haverá espaço para autenticar a integridade e o
propósito da empresa.
Nate fora abordado por mais dois membros do
conselho antes da reunião chegar ao fim. Respondeu suas perguntas, apertou suas
mãos e despediu-se com palavras monótonas do vocabulário empresarial. Cinco minutos
depois, restara apenas ele e Theon em volta da mesa.
Era verdade; sempre haveria contestações enquanto
um De Beaufort não estivesse no comando.
— Há algo extraoficial que gostaria de
compartilhar, Senhor De Beaufort? — Nate dialogava enquanto organizava os
documentos dentro de sua pasta.
— Poderia oferecer-lhe o transporte para
Wilmington, caso apaprecie.
— A Strauss International estará
providenciando um jato particular na manhã de Sábado, mas agradeço suas nobres
intenções.
— A essa altura você já deveria saber que não há
nada de nobre nas coisas que eu faço — Theon deixou o tom de voz misterioso,
quase como se estivesse ditando um enigma.
— Contanto que saiba lidar com as
consequências, isto não será um problema.
Theon levantou-se.
— Há dez meses você teria trancado a porta e
me fodido em cima desta mesa como um animal selvagem, mas agora mal consegue me
encarar. Há tanta culpa dentro de você que é como se meu trabalho já estivesse
feito. Você não precisa da minha presença para punir a si mesmo em nome do
passado, tudo o que você precisa é existir.
O ecoar dos passos de Theon em direção a porta
fez Nate fitar o vazio em pensamento. Pela primeira vez enxergara o inimigo
além de De Beaufort: sua consciência.
Outro dia, talvez, remoesse o passado em sua
cabeça na esperança de consertar seus erros. Agora era hora de colocar seu
plano em ação.
Suspirou para afugentar as ideias e caminhou porta
afora. Desceu ao térreo, encontrou seu carro e dirigiu trinta minutos até a
mansão Strauss. Com a apresentação número dois em ponto de partida no data show do escritório, convocou Mia,
Amber, Alex e Thayer. Apenas as meninas encontravam-se em casa; Alex e Thayer tiveram
que percorrer alguns quilômetros do apartamento a mansão para atender ao pedido
de Nate.
— Acho que estão vindo — Disse Amber. Sentada
no sofá distante, pôde ouvir o momento em que a porta do hall fora aberta e as
vozes de Alex e Thayer se exaltavam.
— O que está acontecendo? — Mia também havia
percebido.
Com o casal se aproximando a cada segundo,
todos já podiam ouvir do que se tratava.
— E se eu o deixasse plantado no apartamento
sem nenhuma explicação? — Exclamou Thayer. — Como você se sentiria?
— Eu estava fazendo um favor a Judit — Alex
estava farto.
— No mundo encantado onde não existem
celulares?
— No mundo onde Cameron é uma criança
hiperativa e precisou de assistência a noite inteira para não cometer crimes em
Nova York.
— Você tem razão. Ele poderia usar os quinze
segundos de uma mensagem de texto explicativa para cometer um atentado
terrorista. “Hey, Thayer, precisamos cancelar o jantar” e BOOM, diga adeus a
sede experimental do Starbucks.
Thayer apareceu na porta do escritório bem a
tempo de todos verem sua representação sarcástica com as mãos. Nate, Mia e
Amber apenas julgaram com os olhos enquanto Alex procurava as palavras certas
para rebater seu patético gesto.
— Cala a boca — Pediu em tom presunçoso,
caminhando ao lugar de sua escolha. Thayer fez o mesmo logo em seguida.
— É, vai sonhando.
— Tudo bem — Nate estava certo de que não
gastariam mais nenhum segundo com aquele monótono desentendimento. — Podemos
começar?
— Sim, por favor — Amber entoou. — Tenho aula
de balé em vinte minutos.
— Do que se trata? — Perguntou Mia, parada de
braços cruzados ao lado da estante de livros.
Nate acionou o data show e preparou a garganta.
— Hotel LeFevre, Wilmington, Carolina do Norte
— A imagem do hotel surgiu diante de todos. — Abandonado desde o incêndio
ocorrido em 1981, será disputado em quarenta e oito horas em uma reunião de
posse em sua cidade de origem. E vocês me ajudarão a fechar o negócio.
Os quatro ouvintes manteram o silêncio, cada um
tirando suas próprias conclusões. Havia dúvidas demais para um pronunciamento.
— Não sei se entendi — Amber franziu o cenho. Estaria
mais confiante se soubesse que era exatamente o que todos gostariam de dizer. —
Você quer ajuda para comprar um hotel incendiado?
Nate teria revirado os olhos se não precisasse
de sua ajuda.
— Com uma reforma estrutural e a recriação dos
ambientes, temos muitos motivos para acreditar que esta será a aquisição mais
importante dos últimos seis anos para a Strauss International — Olhou para o
irmão. — Alex, você e Thayer ficarão encarregados da apresentação. Precisarei de
seus conhecimentos cibernéticos para recriar virtualmente a arquitetura de
planejamento. Mia... — Agora pairava o olhar sobre a irmã. — Você tem uma loja,
poderia nos ajudar assinando um contrato prévio para utilizarmos suas marcas
mais famosas no projeto comercial. E Amber — Olhou para ela em seguida. — As
indústrias Foster continuam liderando o ranking de empresas referentes a móveis
e decoração. Ter o apoio de um dos representantes nos daria a vantagem que
precisamos; quem sabe um contrato posterior?
Alex trocou um olhar admirado com a irmã. Nate
havia pensado em todos os detalhes como se fosse feito para liderar. Estava
pronto para encarar os fardos de um Senhor Strauss como ninguém mais estaria. Seu
irmão nem ao menos notou quando deixou de ser um menino para tornar-se um
homem.
— É um ótimo plano — Mia tinha certeza que
falava por todos.
— Então... — Nate sorriu sagaz. — Quem quer
dar um mergulho em Wilmington?
Os ouvintes entreolharam-se com um sorriso no
rosto. Para Mia e Amber, nada mais poderia dar sentido a palavra diversão. Para
a Alex e Thayer, era a oportunidade de investir no romantismo em sua relação. Para
Nate, o novo presidente... Um verdadeiro xeque-mate.
൴
Os cinco deixaram o escritório Strauss uma
hora depois. Caminhando em descontração até o hall, acabaram dando de cara com
Simon, sentado na poltrona marrom da sala de estar. As pernas estavam cruzadas,
como de costume, e a xícara de café posicionada entre os dedos.
As risadas histriônicas e o assunto balela
perderam o sentido no mesmo instante.
— Nathaniel, você tem um minuto? — Simon
perguntou.
O convite atingiu o bom humor de Nate como uma
picada de cobra.
— Nos vemos depois — Disse; e todos os outros
quatro passaram pela porta sem questionar. Uma vez sozinho com o pai, toda a
carga emocional foi posta em evidência. — Acredito que esta conversa nos trará
benefícios. Aceita um drink?
— Estou bem, obrigado.
Nate caminhou até a mesinha de bebidas ao lado
da lareira e encheu um copo com whisky puro. O preferido do pai tornara-se
indispensável em qualquer evento familiar. Poderia pensar outro dia sobre a
possibilidade de tornar-se um alcoólatra.
— Após passar quatorze horas em uma cela, tudo
o que eu queria era o meu bom e velho whisky — Simon recordava cada minuto de
sua terrível experiência. — Mas a liberdade provou ser muito eficaz quanto as
atuais circunstâncias. O álcool me deixa fraco, não importa ao que tenha de me
submeter.
— Eu não concordo — Nate virou com a bebida em
mãos. — O álcool nunca interferiu na minha admiração por você.
— Esta conversa só nos trará benefícios se
formos honestos.
— Você é meu pai, e eu aprecio cada parte de
mim que fez de você essencial. A verdade é que Paris me assombra todos os dias;
e quando eu canso de culpar a mim mesmo, você é o mais apropriado para ficar no
meu lugar. Mas estaria mentindo se dissesse que os valores paternos de sua
influência não significam nada para mim.
— Fraude é um deles?
Nate suspirou. Virou-se novamente para a
mesinha em busca de cubos de gelo e alguns aperitivos.
— O nome Marco Sathori lhe é familiar? Quinze
anos atrás, o empresário teve seu capital comprometido devido a um pequeno
equívoco dos acionistas. Processou a Strauss International, mas perdeu a causa
sete meses depois — Virou-se novamente para encarar o pai. — Não compreendi a
decisão do juiz de ignorar as evidências a favor de Marco, até descobrir que
ele ainda possui uma mansão avaliada em sete milhões de dólares. Um valor
insignificante perto ao que a Strauss International poderia perder, estou
certo? Se isto não for o suficiente, seremos obrigados a levantar as questões que
sempre levam as autoridades a desconfiarem do patriarca Strauss quando o
assunto é desvio ilegal de dinheiro.
Simon ficou desconfortável em um instante. Não
conseguia mais olhar diretamente nos olhos do filho; não quando a culpa caía
sobre sua consciência.
— Não sei do que você me acusa.
— Não é uma acusação — Nate deu um passo a
frente. — É apenas uma prova de que não somos tão diferentes. Você faria
qualquer coisa para proteger seu patrimônio, incluindo subornar um juiz. Consegue
dizer que seus métodos empresariais são mais nobres que os meus?
Simon permaneceu quieto. Nem a si mesmo havia
contado esta mentira; como poderia convencer o filho?
— Foi o que pensei — Nate parecia satisfeito.
Caminhou até a janela e fitou o jardim com o olhar inexpressivo. — Sei que meus
métodos carecem de limites, mas eu não sou tão diabólico, você sabe. E
honestamente, qual de nós se atreveria a escolher entre o sujo e o mal lavado? Dedicarei
minha vida a seu legado e construirei meu próprio império. Sou quem deveria
ser.
— Faça o que for necessário — A voz de Simon
assumia a derrota. — Você bem sabe que nem mesmo Deus pode impedi-lo.
൴
Alex e Thayer
adentraram o apartamento trazendo as sacolas de compras do último passeio. Tomaram
cuidado ao selecionar todos os itens indispensáveis para a viagem, mas não
puderam resistir aos pequenos agrados que batiam de encontro com suas dietas
rigorosas. Thayer terminara a barra de chocolate no mesmo instante em que passara
pelo sofá, despreocupado quanto as sacolas que jogara ao léu.
— Eu deixei minha escova de dentes aqui? —
Alex posicionou suas sacolas no canto ao lado da porta.
— Eu não sei — Thayer atacou a garrafa de água
na geladeira. Suspirou em alívio após um gole duradouro. — Vamos comprar outra
quando chegarmos.
— Beleza — Alex tirou o celular do bolso; hora
perfeita para responder as mensagens e dar uma olhada em sua célebre vida
virtual. Da última vez que checara, Emma Roberts havia curtido várias fotos de
sua viagem ao Brasil.
— Vou tomar uma ducha — Thayer arremessou
longe a camiseta que usava. — Quer se juntar a mim?
Alex estava impressionado. Primeiro pela
quantidade de notificações, depois ao notar a irresistível provocação do
namorado com o abdome a mostra.
— Cinco minutos — Solicitou, em tentação. Precisaria
de alguns instantes de vida real antes de comprometer-se a passar duas horas no
chuveiro.
Thayer despediu-se com o mesmo sorriso campeão.
Caminhou até o banheiro, livrou-se de suas calças e ligou o chuveiro.
Atreveu-se a colocar uma mão sob a queda d’água para ter certeza de que estava
na temperatura ideal.
— Não desperdice tempo! — Gritou ao namorado.
— Estou indo! — Alex respondeu, a voz abafada
pelas paredes que separavam os cômodos.
Thayer pigarreou duas vezes com o forçar da
garganta. Vedou a boca com a mão direita, mas não conseguiu impedir o acesso de
tosse posterior.
— Merda! — Praguejou enquanto caminhava até a
pia. Os olhos lacrimejavam de tanto tossir.
E então sentiu o pesar de um gosto metálico em
sua boca. Ao fitar a mão, notou uma mancha espirrada de sangue; fruto do que
quer que tenha acabado de acontecer a seu corpo.
— Thayer? Você está bem? — Alex perguntou do
outro lado da porta.
Thayer sentiu-se impossibilitado de raciocinar
com rapidez. Olhou para a porta, depois para a mão ensanguentada, e enfim os
seus olhos no espelho. Calafrios manifestavam-se ao nem pensar.
— Estou bem! — Abriu a torneira e esperou que
todas as provas fossem diluídas. — Você pode vir quando quiser!
O silêncio de Alex disse-lhe tão pouco quanto poderia
dizer a si mesmo. Contra o desconhecido, sua única vontade era manter tudo em
segredo.
Next...
3x09: And I Am So Sorry For Being a Bitch (11 de Abril)
Semana que vem faremos uma viagem super especial para Wilmington, Carolina do Norte. Se vai dar certo, vocês vão ter que ler pra descobrir. 5 semanas para a despedida de um dos personagens!
Recomendação: Gosta de histórias de mistério e perseguição ao estilo Pretty Little Liars? Então vão gostar de The Hunting Game, uma fanfic criada pelo meu amigo Vinicius Lopes. Segue o link para quem quiser dar uma olhada:
http://fanfiction.com.br/historia/472674/The_Hunting_Game/
Recomendação: Gosta de histórias de mistério e perseguição ao estilo Pretty Little Liars? Então vão gostar de The Hunting Game, uma fanfic criada pelo meu amigo Vinicius Lopes. Segue o link para quem quiser dar uma olhada:
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