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[Crítica] Unbreakable Kimmy Schmidt - 1ª Temporada


Status: Renovada
Duração: 25 minutos
Nº de episódios: 13 episódios
Exibição: 2015
Emissora: Netflix

Crítica:

A vida começa quando o mundo não acaba.


Antes de ser incorporada no catálogo de produções originais da Netflix, Unbreakable Kimmy Schmidt havia sido produzida para a emissora aberta NBC. O problema é que o canal americano tem apresentado sérios problemas com as comédias em sua grade de programação - com todas amargando uma péssima audiência. Como já havia se comprometido com a produção de 13 episódios, a NBC passou a série para a gigante Netflix, que garantiu no mínimo dois anos de vida para a série. Para os fãs de Tina Fey, uma dos criadores do programa, essa mudança não poderia ter sido melhor. Seria muito improvável que Unbreakable Kimmy Schmidt tivesse sorte com os seus números de audiência na televisão aberta, principalmente no canal que inicialmente seria produzida. Mudando para a plataforma online, a série tem um conforto maior para encontrar seu público - garantindo um alcance muito maior de espectadores -, sem o medo do cancelamento e as restrições de uma produção feita para a TV.

Na história, após ficar presa por quinze anos em um culto, Kimmy é resgatada e recomeça a vida em Nova York. Munida de uma mochila, tênis de luzinhas e livros datados de uma biblioteca, ela se depara com um mundo que achava que nem existia mais. Ingênua porém resiliente, a ex-reclusa não deixará que nada atrapalhe seu caminho e não demora a encontrar um emprego, alguém para dividir um apartamento e uma nova vida. Agora, um dos os maiores desafios para Kimmy será se integrar à sociedade atual, enquanto tenta seguir sua vida como uma pessoa normal, descobrindo no dia a dia como o mundo que conhecia mudou com o passar dos anos.

Estava muito empolgado por esta série. Gosto muito do trabalho da Tina Fey - que foi responsável pelas tramas do clássico do recalque adolescente Meninas Malvadas, e ela premiada série 30 Rock -, então sabia que já poderia contar com o seu humor ácido sobre a sociedade, assim como também sabia que a série contaria com personagens marcantes e carismáticos. O fato é que Unbreakable Kimmy Schmidt cumpre todas essas expectativas, entregando um texto diferente das comédias descerebradas que fazem sucesso na televisão aberta americana. Este é mais um dos motivos - de uma longa lista - que poderiam contribuir para o fracasso comercial da série caso ela fosse ao ar pela NBC.

Esta série conseguiu me conquistar logo em seu primeiro episódio, com um final espetacular que abusou da minha obsessão infantil pelo filme O Rei Leão, fechando o episódio com os dois personagens principais cantando uma das músicas mais marcantes da animação da Disney, The Circle of Life. E essa é apenas uma das muitas referências à cultura popular contemporânea, que engloba a citação de personalidades marcantes, como os falecidos Michael Jackson e Whitney Houston, e também de outras produções clássicas, como o filme O Clube dos Cinco e sua última imagem estática de vitória. O enredo também se preocupa em costurar algumas críticas à sociedade moderna, lidando com situações sérias do cotidiano com muito humor, sem cair no ridículo.

Os personagens são um verdadeiro show à parte! Kimmy traz um ar de inocência à história, justamente por causa do confinamento, e acompanhamos sua adaptação ao mundo real com o passar dos episódios. Esperava por mais piadas em torno de sua adaptação, mas um dos pontos altos desta temporada é justamente o episódio em que ela tem o seu primeiro encontro. Infelizmente, apesar do roteiro ter apresentado diversos pretendentes amorosos para a protagonista, nenhum deles esteve a sua altura. O lado bom é que o enredo sai do lugar comum, desviando da proposta do "príncipe encantando" apresentada logo no primeiro episódio desta temporada. O conceito de par romântico poderia ter sido melhor trabalhado pelo roteiro, especialmente porque este era um dos tópicos principais para uma personagem adulta que está vivendo no mundo real pela primeira vez desde criança.

Aliás, não tem como falar sobre personagens sem mencionar o rei dessa série: Titus Andromedon, um dos personagens mais cretinos, carismáticos e divertidos já apresentados em uma série de comédia nos últimos anos. Ele não precisa de uma piada de efeito para nos fazer rir. Suas expressões de deboche, assim como sua atitude, já são o suficientes para nos deixar encantados. Queria ter visto uma maior interação entre ele e a Kimmy no decorrer da temporada, uma vez que, na maioria dos episódios, cada um estava ocupado com sua própria trama. Outro ponto negativo gira em torno dos episódios finais, que não conseguem ser tão engraçados quanto os primeiros, especialmente por causa do julgamento, que se torna chato e ainda mais fora da realidade que o próprio enredo da série havia apresentado até então.

Foi ótimo ver a Tina Fey fazendo uma participação especial na série, como a advogada de acusação, mas o desempenho de sua personagem, assim como o outro advogado ao seu lado, foi um dos piores momentos da série. Não acrescentou em nada à trama e não conseguiu me fazer rir nem internamente. Ainda assim, ainda estou à bordo do segundo ano já confirmado da série. Para aqueles que se interessaram, os treze episódios da primeira temporada já estão todos disponíveis na Netflix, assim como todas suas produções originais. Entre erros e acertos, Unbreakable Kimmy Schmidt apresenta uma boa mistura, com uma história curiosa e personagens carismáticos. Por último, não tem como não destacar a abertura da série (clique AQUI para assistir o vídeo completo e legendado em inglês), que é uma das sacadas mais geniais desta produção (o que me fez lembrar de um dos remixes mais clássicos da internet, Ain't Nobody Got Time for That). Enfim, essa série foi uma surpresa agradável, agora é só esperar pela segunda temporada, que deverá estrear apenas no próximo ano.
Comentário(s)
1 Comentário(s)

Um comentário:

  1. Amei o seriado como um todo, se não me engano são os ultimos dois episodios em que acontecem o julgamento, são definitivamente os piores episodios, os advogados tbm não me fizeram rir nem internamente.

    Felipe

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