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[Crítica] O Jogo dos Espíritos


Direção: Marcus Adams
Ano: 2002
País: UK | França
Duração: 94 minutos
Título original: Long Time Dead

Crítica:

Jogue até morrer.

Considerando a qualidade exaustiva de filmes envolvendo o sobrenatural que são lançados anualmente, chega a ser espantoso que quase nenhum enredo dê atenção aos jogos caseiros, como o jogo do compasso, do copo ou até mesmo da famosa tábua de ouija. Acredito que esse é um tema muito interessante justamente por ser algo tão popular. Quem nunca jogou algum desses jogos? Ou até mesmo tentou fazer um contato com o outro lado? Essas coisas acontecem. Estamos entediados, buscando por um pouco de perigo, e nos atrevemos a brincar com algo que desconhecemos. Existem filmes de terror suficientes para saber que algo muito errado pode acontecer, mas é este sentimento de perigo que buscamos para tornar nossas vidas mais emocionantes.

Na vida, seguimos um grupo de jovens estudantes londrinos, que em meio a drogas e álcool, resolve realizar uma brincadeira com a tábua de Ouija. Durante a sessão espírita, algo dá errado e eles acidentalmente libertam um espírito maligno, que passa a causar uma série de mortes bizarras entre eles. Logo, fica claro que o grupo está lidando com um Djinn, um demônio do fogo - o que explica as bizarras marcas de queimadura na pele de suas vítimas. Agora, os sobreviventes precisam então descobrir uma maneira de devolver o demônio à tábua de Ouija antes que todos sejam mortos.

Já havia visto este filme há vários anos, mas com o lançamento do filme Ouija - O Jogo dos Espíritos, resolvi assistir novamente por causa da familiaridade do tema. Pensei em fazer uma comparação de leve entre as duas produções, tendo este filme sido lançado há mais de dez anos. O cinema evoluiu muito desde então, então era esperado que a qualidade do filme lançado em 2014, Ouija, fosse bem maior do que O Jogo dos Espíritos. Infelizmente, isso não acontece na prática. Nenhum dos dois é um clássico, mas este filme se destaca por ter um roteiro mais forte, além de um diretor que consegue contornar bem as limitações da produção. Mesmo sendo antigo, O Jogo dos Espíritos consegue ser bem mais assustador, sangrento e dinâmico do que o filme mais recente.

Vamos começar falando sobre o roteiro, que se propõe a desenvolver as consequências de um jogo do copo. Mas não se enganem, apesar de parecer raso, há uma subtrama de fundo que é muito importante para o desfecho da história. A história traz uma boa mitologia, principalmente em relação ao Djinn. Colocá-lo como o vilão do filme ao invés de um demônio qualquer foi inteligente, principalmente pelo fato do roteiro introduzir suas características, como o fogo. Isso ajuda o filme a se destacar dentre os demais, o que já é muito mais do que a maioria dos outros filmes deste estilo já se dispôs a entregar. Os efeitos dos olhos do Djinn, que aparecem no final do filme, também complementam a composição do vilão. Muitos podem discordar, mas gostei deste recurso - que não é usado em exagero, apenas nos momentos certos para causar impacto.

Algumas das mortes podem ser consideradas fracas para a proposta do enredo. Um demônio do fogo está à solta, mas a maioria das mortes não aparece na câmera. De fato, quase todas são apenas sugeridas. Apesar disso, há algumas sequências realmente intensas - como a do banheiro -, onde não vemos exatamente o que está acontecendo, mas não é por isso que deixamos de sentir toda a agonia da vítima na cena. O diretor obviamente tomou uma decisão inteligente ao usar de bons ângulos para desviar da violência gráfica. Além de ter resultado em sequências bem tensas, ficou melhor do que se ele tivesse usado de efeitos visuais toscos para fazer as queimaduras aparecerem na pele das vítimas.

Enfim, esse é um bom filme, que se destaca por fugir um pouco dos clichês das produções típicas dos EUA. Até mesmo a ordem das mortes é diferente, assim como o desfecho, que consegue ser ótimo e ainda deixar a porta aberta para uma possível sequência - apesar de também não exigir necessariamente um segundo filme para completar sua história. Realmente um samba na cara do recente Ouija, que apesar de ter todos os recursos atuais ao seu favor, não consegue trazer metade da tensão que este filme. O Jogo dos Espíritos não é um filme muito conhecido pelo público em geral, mas certamente merece uma chance. Apesar de não ser perfeito, tenho certeza que irá surpreender você.


Trailer:

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