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[Livro] The Double Me - 2x11: Thank You, Sis. You Definitely a Strauss [+18]

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 Previously on The Double Me...  
Hamptons, Nova York. Foi lá que tudo começou.

Nate tinha apenas 15 anos quando foi traído pelos amigos e exilado da cidade para evitar os escândalos de sua vida secreta com o namorado. Eles pensaram que a guerra havia acabado, mas este era apenas o começo.

Nos três anos que sucederam sua trágica perda, Nate transformou-se em um cruel vingador, capaz de perder a si mesmo dentro do próprio ódio para derrubar todos aqueles que lhe fizeram mal. A chegada repentina de seu irmão gêmeo pode ter mudado seus planos, mas nada irá impedi-lo de concluir seus objetivos. No final, será olho por olho. E dente por dente.

A estrada até aqui deixou muitos assuntos inacabados. Com o vazamento dos videos impróprios para Nova York inteira, Nate decidiu levar Jensen a um hotel de beira de estrada para que ficasse longe do pai e da mídia até a poeira abaixar. Thayer e Alex continuaram investindo em sua aproximação, mas a chegada de George, um fã obsessivo de Alex, pode trazer sérios problemas ao casal.
Quem vive, quem morre, quem vai ao topo e quem vai à falência, é apenas uma questão de tempo até descobrirmos. 

2x11:Thank You, Sis. You Definitely a Strauss
"Subestimar o inimigo será o seu ultimo erro".

— Ai meu Deus! — Disse Nate, com a boca cheia. Quem precisava de etiqueta quando tinha-se a famosa lasanha de frango de Judit Strauss? — Estou no céu!

Judit sorriu com satisfação. A ultima vez que cozinhara sua especialidade para o filho foi há dez anos, quando o expulsaram do time de futebol da escola por não conseguir correr tão rápido quanto os outros garotos. Estava até usando o avental cor de rosa que guardara durante anos para que a ocasião lembrasse os velhos tempos. Nate não poderia evitar em sentir-se como uma criança novamente.

Quem também sorria contente era Alex, sentado do outro lado da mesa onde o irmão fazia – o que parecia ser – a melhor refeição da sua vida. Mesmo que lhe tivessem revogado a oportunidade de estar presente durante os momentos mais importantes da história de sua família, ele sabia compreender a magia como se estivesse ali desde o começo. Nate estava feliz, Judit estava feliz, e a reconciliação parecia estar dando certo. Era o suficiente para que Alex se sentisse completo.

— Suas mãos são mágicas, Judit. — Nate continuou — Você deveria ensinar receitas na TV.

— Talvez se eu não fosse tão tímida... — Ela caminhou até a pia para cuidar das louças sujas.

— Eu sinto que poderia comer apenas isso para o resto da minha vida. Qual o segredo?

— Um dia você vai aprender. É uma receita de família.

— Eu já estou na fila — Alex sorriu.

Em meio a descontração, Nate ouviu o toque nada discreto de seu celular. Alex olhou para o aparelho em cima da mesa, o nome de Jensen estava piscando freneticamente. Até quando seria difícil lembrar que Jensen existe, mas não estão juntos? Era melhor pensar em outra coisa.

Nate olhou para seu aparelho logo em seguida e apertou o botão vermelho para ignorar a chamada. Nem mesmo Jensen McPhee tinha o direito de interromper seu momento sagrado.

— Quem era? — Perguntou Judit. Alex estava torcendo para que não precisasse saber o motivo daquela ligação.

— Era o Jensen. — Nate continuou dando atenção ao seu prato.

— Ele está bem?

— Sim, ele só... Ele teve que fugir por uns dias, até tudo acalmar. Fiquei de levar algumas coisas no hotel onde está hospedado.

— Deve estar sendo difícil para ele... — Judit colocou um prato limpo ao lado assim que o enxaguou. — Patrick não parece ser do tipo que aceita numa boa.

— Eu sei. Só preciso mantê-lo afastado por alguns tempos. — Nate olhou para Alex, percebendo de imediato seu incômodo com o assunto. — Tem certeza que não quer lasanha?

— Estou bem. — Alex cruzou os braços — Estou sentindo mais frio do que de costume, meus casacos não estão mais ajudando.

— É quase natal, little brow. Por que Jesus não nasceu no verão?

— Tenho que ir. — Alex levantou-se — Preciso sair dessa mansão ou então vou enlouquecer...

— Senhora Strauss — Greg chegara de surpresa — Os manifestantes religiosos estão aqui novamente. O que devemos fazer?

— O que? — Judit estava incrédula — Eles vão fazer isso todos os dias?

— Não na minha casa. — Nate limpou a boca com o guardanapo e bateu em retirada.

— Controle seu irmão — Pediu Judit, gentilmente. E Alex não hesitou em obedecer. Era sua tarefa manter Nate longe de problemas, mesmo que precisassem brigar.

Seguido por Greg e Alex, Nate caminhou até a porta da mansão, passando diretamente através do jardim. Podia ouvir os gritos dos manifestantes antes mesmo de chegar ao portão. “Nathaniel Promíscuo” era um ótimo grito de guerra, em sua não tão humilde opinião.

Além dos ataques verbais, os fieis ainda erguiam seus cartazes mal feitos e cheios de frases patéticas e intolerantes. Alguns diziam “Gêmeos Strauss são uma abominação”, outros mostravam trechos da bíblia que condenavam de maneira extremista a homossexualidade. Nate precisava confessar que a criatividade dos religiosos era impecável, apesar de patológica e preconceituosa.

— Odeio crentes — Ele comentou quando Alex e Greg conseguiram alcança-lo — Querem despejar sua frustração sexual em protestos ridículos... Estamos de volta a idade da pedra?

— Nate... — Foi só o que Alex conseguiu dizer.

— Vocês querem fazer o favor de sair da porta da minha casa, agora? — Gritou Nate, deixando os religiosos ainda mais revoltados.

— Você precisa aceitar Jesus em seu coração! — Gritou uma mulher do lado direito. No cartaz que segurava, Nate conseguia ler a frase “Deus é Mas”. Então os manifestantes também precisavam de ensino fundamental?

— Você vai para o inferno! — Gritou o homem de bota marrom e chapéu de caubói. A multidão parecia concordar com sua concepção.

— É claro que eu vou. Só espero que você não esteja lá!

— Isso é abominação! — Gritou a jovem que mais se destacava em meio a multidão. Nate precisou se controlar para não dar risada do olhar severo em seu rosto.

— Alex, eu quero dar um tiro em cada um deles. — Nate sussurrou para o irmão. Seu tom de voz cheio de leveza quase convenceu Alex a ficar na defensiva.

— Mas você não pode. — Alex engoliu em seco.

— Seu estraga prazeres. — Nate marchou de volta até a mansão.

Pensar que estava desistindo acabou fortalecendo os gritos de protesto da multidão. Eles não sabiam que havia um plano por trás de seu sorriso convincente.

— Peter, leve-me ao Times Square — Alex entrou na limusine estacionada ao lado.

Peter o seguiu para dentro do veículo e esperou seu amigo Greg abrir os portões. Ele e Alex estavam torcendo para que aqueles religiosos não tentassem invadir a mansão.

Quando os portões finalmente se abriram, Peter pisou no acelerador bem devagar; a multidão estava se metendo na frente da limusine e batendo na janela enquanto gritava seus insultos rotineiros. Por sorte, eles abriram espaço pra limusine passar, mesmo que ainda não estivessem cogitando a possibilidade de desistir do protesto.

— Hey, Posers de Cristo! — Gritou Nate, saindo da mansão. Parecia bastante confiante com aquela mangueira de bombeiro nas mãos. — Já ouviram falar em respeito? Aqui vai um jato esclarecedor.

Movendo apenas um dos dedos, Nate liberou a passagem de água e mirou a mangueira na direção dos religiosos. Greg arregalou os olhos quando percebeu que aquilo era real. Nate estava mesmo tentando espantar os fanáticos com uma mangueira de bombeiro. E o melhor, estava dando certo.

De tão forte, o jato de água foi capaz de jogar alguns manifestantes no chão, além de destruir todos os cartazes que haviam preparado. Nate não temia que alguém se machucasse; não quando poderia simplesmente gargalhar de sua façanha histórica, que em um futuro bem próximo, talvez pudesse ser considerado um verdadeiro serviço público em nome do bem estar da sociedade.

Aos poucos a multidão foi se dissipando, até não sobrar um só manifestante em frente ao portão da mansão. Nate desligou a mangueira e fingiu limpar o suor de sua testa enquanto virava sua atenção para o porteiro.

— Hey Greg, aposto que a sua mangueira não espirra tanto quanto a minha.


Assim que desceu da limusine, Alex lançou o olhar na direção da lanchonete do outro lado da rua. Thayer estava sentado próximo a janela, usando óculos escuros, um boné de baseball e um casaco preto bastante discreto. Este era o plano para que passasse despercebido pelos paparazzi ou sua intenção era ser confundido com um serial killer? Alex tinha tantas suposições que poderia levar um tempo para considerar todas elas.

Após tomar um gole de seu expresso, Thayer olhou pela vidraça ao seu lado. Um aceno acanhado bastou para roubar um sorriso cortês dos lábios de Alex.

Apesar de exagero, aquela era apenas uma fase. As pessoas já tinham parado de comentar, o sobrenome Strauss não estava mais nos trends mundiais e quase todos os vídeos tinham sido eliminados da web. Mas a vergonha iria permanecer ao lado de Thayer por muito, muito tempo.

Dez minutos se passaram para que ambos pudessem interagir dentro da lanchonete, e então, foram diretamente para o hotel de Thayer disputar no video game. Alex estava certo de que aquele era o seu dia de sorte. Não poderia perder cinquenta vezes consecutivas em um jogo de luta depois de ter aprendido os macetes na internet.

Thayer só tirou o disfarce quando passou para o lado de dentro. Jogou os óculos no sofá cinza e o casaco em cima do balcão da cozinha, que ficava bem ao lado da porta.

— Finalmente você vai tirar seu disfarce, Carmen San Diego. — Alex logo tratou de acomodar-se no sofá principal.

— Você checou se estava sendo seguido?

— Eu não sei, nunca fui um fugitivo da polícia. Aliás, por que Nate não pode descobrir que eu sempre venho aqui para darmos um tempo?

— Porque da ultima vez que você ficou com alguém que ele gostava, ele fodeu sua vida. — Thayer andou até a cozinha. Estava pronto para fazer os empanados de frango que Alex tanto adorava.

— Não é como se estivéssemos tendo um caso e precisássemos esconder isso de todo mundo. Não gostamos um do outro.

— É, não gostamos. — Thayer hesitou para lidar com o nó em sua garganta. Por que de repente se sentira tão desconfortável com o assunto? “Não gostamos um do outro”; Thayer sentiu que as palavras de Alex haviam se instalado de maneira inóspita dentro de si. — Você quer comer alguma coisa? Porque não vou cozinhar a toa.

— Depende, se você prometer não queimar dessa vez.

— Eu só queimei uma vez...

— Não, você quase incendiou o prédio. Definitivamente não serve pra cozinha.

— Ah é? — Thayer jogou a caixa de empanados no balcão e caminhou até a sala. — Sabe no que eu sou bom? Mortal Kombat. Quer levar mais uma surra?

— Não tenho culpa, suas mãos são ótimas. Nem consigo imaginar o que tanto você fazia com elas para terem ficado tão consistentes.

— Uow! — Thayer sorriu, não estava esperando por uma piada daquele nível. — Você ficou muito levado depois que tirou a roupa naquela boate gay. — E caminhou de volta até a cozinha.

Alex virou para frente; poderia organizar seus pensamentos enquanto Thayer preparava o almoço. Era a segunda vez que sentia-se confortável naquele sofá, olhando para uma TV com áudio zerado enquanto sentia o cheiro do que seu anfitrião preparava na cozinha. Quando estava em sua casa, ouvindo Coldplay com seus fones de ouvido e completamente sozinho, Jensen não lhe saia da cabeça. Mas era só colocar os pés no quarto de hotel de Thayer que tudo simplesmente desaparecia.

— Está aqui — Thayer levou uma bandeja cheia de empanados para a mesinha do centro.

— Ótimo — Alex tentou pegar um, mas acabou queimando os dedos.

— Cuidado! — Thayer sentou-se no chão.

— Desculpe.

— Você não precisa pedir desculpas porque se queimou, Madre Teresa. Agora pegue esse controle e prepare suas lágrimas.

Alex sorriu. Pegou o controle ao seu lado no sofá e esperou Thayer ligar o vídeo game. Sabia que estava destinado a perder, era péssimo naquele jogo. E em qualquer outra coisa eletrônica que sua mãe nunca pôde lhe comprar.

O primeiro round da disputa foi bastante acirrado. Thayer venceu por pouco, quase no final do tempo, utilizando um movimento novo que aprendera no outro dia. Já o segundo round, ficou inteiramente nas mãos de Alex, que já começara a criar esperanças. Ele nem sabia que sua vitória só foi possível porque Thayer estava tentando ser gentil. Ouvir Alex Bennett dar um grito de vitória seria muito melhor que ganhar a disputa.

— Você é péssimo, Guadalajara — Alex provocou.

— Eu já ouvi isso em algum lugar. — Thayer sorriu com malícia. Era a primeira vez que Nate vinha a sua cabeça desde que... Fazia mesmo muito tempo.

Turning Tables by Adele on Grooveshark

Antes que Alex pudesse provocá-lo outra vez, os dois ouviram um barulho estranho vindo do outro lado do apartamento. Alguma coisa parecia estar apitando e movendo-se como se fosse um liquidificador. Só poderia ser a lavadora de roupas que Thayer nunca aprendera a usar e que sempre lhe causava problemas.

— Droga! — Thayer correu na direção da área de serviço, sendo seguido por Alex.

O local estava infestado de espuma, cobrindo até mesmo as prateleiras mais altas. Thayer mal podia perceber onde a máquina estava, e nem imaginava o que poderia ter causado aquele surto. Correu até a direção que seus instintos indicavam e iniciou uma verdadeira batalha para encontrar a tomada. Quanto mais remexia pelo local, mais espuma era formada; Alex não conseguia parar de rir.

— Mas que merda! — Thayer gritou.

— Deixa comigo. — Alex finalmente ofereceu ajuda. — Posso não saber jogar video game, mas sei lidar com máquinas de lavar.

Thayer deu espaço para que Alex pudesse realizar seu milagre. Não estava confiante de sua capacidade até ver com os próprios olhos o garoto resolvendo o problema.

— Como você...? — Thayer estava confuso.

— Eu puxei a tomada. — Alex deu de ombros.

— Uau... — Thayer deu um ar de risos desconcertado. A máquina havia parado de apitar e produzir espuma em excesso, mas a área de serviço continuava irreconhecível. — Agora você só precisa me ajudar a limpar essa bagunça.

— Espera, tem espuma no seu nariz... — Alex se aproximou devagar e passou o dedo para limpar.

A troca de olhares intensos fez o coração de Thayer disparar dentro do peito. Não havia tempo para pensar nas consequências quando os olhos penetrantes de Alex estavam tão perto, implorando para que tomasse uma atitude. E foi exatamente o que ele fez. Colocou as mãos na nuca de Alex e simplesmente o beijou. Nem selvagem, nem delicadamente. Talvez não houvesse uma definição para explicar a maneira com que seus lábios se encaixavam perfeitamente nos de Alex.

— Não... — Alex o afastou, sem fôlego — A gente não... Eu tenho que ir. — Rapidamente passou pela porta da área de serviço, deixando Thayer para lidar sozinho com o que havia acontecido.

“Nós não gostamos um do outro.” — Thayer repassava dentro de sua cabeça. Se tivesse acreditado nas palavras de Alex, aquele desastre nunca teria acontecido. Alex ainda estaria ao seu lado e ele não se sentiria tão sozinho, como um perfeito idiota. Ainda não entendia a complexidade de seus sentimentos por Alex Bennet, e tudo indicava que não era mais necessário.

— Merda! — Alex resmungou, já de frente para os dois elevadores do andar.

Não importava o quanto apertasse aqueles botões, sua paciência limitada sempre lhe faria acreditar que aquele elevador nunca chegaria. E se Thayer corresse atrás dele? E se tivessem que conversar sobre o beijo? Alex sentia o corpo inteiro arrepiar só de lembrar que o beijo roubado fora correspondido.

A alguns metros de distância, escondido atrás de uma parede, George observava discretamente cada movimento que ele fazia. O olhar obsessivo e repleto de nervosismo gostava de cobiçar tudo aquilo que lhe parecia tão distante. Um dia Alex Bennett iria enxergar seu valor. Um dia todos eles poderiam ser felizes.


Jensen desligou a TV e deu um grande suspiro de cansaço. Todas aquelas matérias sensacionalistas a respeito do seu desaparecimento e dos vídeos privados só serviam para alimentar sua própria decadência perante a tudo o que costumava ser. O garoto de ouro havia se tornado um homossexual fugitivo capaz de denegrir a imagem de sua família em troca de uma vida libertina, que de acordo com alguns profissionais, não passava de uma escolha lúcida. A mídia que antes o colocava em um pedestal, era a mesma que estava disposta a derrubá-lo.

Atirou o controle remoto na parede para quebrar em mil pedaços sem pensar duas vezes. Nate estava fazendo de tudo para ajuda-lo, e mesmo assim, estar consciente na própria vida era insuportável.

Foi um misterioso baque na porta que o ajudou a se recompor. Nate havia chegado com suas compras, aquela situação estava prestes a mudar.

— Você chegou mais cedo que o combinado... — Disse enquanto caminhava em direção a porta.

Mas ao invés de seu salvador, quem estava do outro lado era Gwen, escorada na parede com o mais perigoso dos sorrisos estampado em seu rosto. Era óbvio que o infortúnio de Jensen agradava seus diabólicos olhos azuis e tudo o que girava em torno da desgraça alheia.

— Jensen, você está um trapo.

— Gwen. — Jensen cuspiu. A aquela altura, era obrigado a dizer seu nome como se fosse um palavrão.

— Hotel SideRoad? Que baixo nível. — Ela empurrou a porta para adentrar ao quarto. Toda aquela velharia lembrava os lofts precários do Brooklyn que já teve o desprazer de conhecer. — Adorei a caverna do dragão. Posso dizer que estou decepcionada por não haver mais um armário?

— Acho melhor você ir embora.

— Por quê? — Ela sorriu, atirando-se na cama desconfortável a sua frente. — Faz tempo que não fazemos coisas de amigos...

— O que você está fazendo aqui?

— Visitando um amigo, não é óbvio? — Ela levantou da cama e começou a rodear o quarto. Ao que tudo indicava, Nate já tinha levado bastante coisas para Jensen, inclusive bebidas caras e roupas novas que custam no mínimo sete mil dólares. — Sabe, eu fui uma das primeiras pessoas a acessar o seu video; não que eu nunca tenha experimentado esta mercadoria antes, mas... Lembra quando a gente viajou para o México e ficamos com aquele barman ao mesmo tempo? Se eu soubesse que nossas fotos valeriam uma fortuna, teria vendido para algum jornalista promissor há vários anos.

— Sair com homens casados não é mais um negócio lucrativo?

— Touché. — Ela sorriu com desdém. Já tinha em mãos a garrafa de whisky francês que estava em cima da penteadeira. A qualidade do produto não negava o gosto impecável do irmão. — Mas se eu fosse você, seria mais gentil. Nossa cumplicidade terminou no momento em que você resolveu ficar do lado dos gêmeos Strauss. Nada me impediria de ligar para alguns paparazzi e informar sua localização exata. — Ela tomou um gole da bebida. — Eu me lembro da primeira vez em que provei esta marca. Nunca mais quis saber de nenhuma outra.

— Deixe a garrafa no lugar, por favor. E não toque mais em nada. — Jensen cruzou os braços, estava quase quebrando a promessa de que nunca bateria em uma mulher.

Apenas para contrariá-lo, ela tomou mais um gole e fingiu uma breve tontura. O líquido marrom que queimava sua garganta lhe proporcionava uma sensação inexplicável de prazer.

— Você quer dinheiro?

— Dinheiro? Por favor... — Ela marchou até o outro lado do quarto. Ainda havia algumas coisas para fingir observar. — Estou em busca de algo inestimável. — E tomou outro gole na boca da garrafa — Sabe Jensen, é realmente uma pena que você tenha escolhido o lado errado nessa guerra. Não sou do tipo obsessiva, mas nunca aprendi a lidar com uma traição. Estou muito, muito magoada por você ter escolhido Alex e Nate ao invés dos seus amigos verdadeiros.

— Não preciso aturar isso. Apenas vá embora e faça o que quiser.

— Agora eu entendo porque sua mãe resolveu abandoná-lo. Deve ser horrível para uma mulher ter um filho que não consegue ser homem de verdade.

— Nunca mais... — Jensen aproximou-se para intimidá-la com o olhar — Nunca mais fale da minha mãe.

— Ou então o que? — Ela deu o ultimo passo necessário para que ficassem cara a cara.

— Vadia, você está totalmente acabada...

Gwen se preparou para debochar da ameaça de Jensen, mas algo parecia errado. Sua garganta, de repente, começara a adormecer; assim como os lábios e os membros inferiores. Suas mãos enfraqueceram logo em seguida, fazendo-a derrubar a garrafa de whisky francês como se tivesse perdido suas funções motoras.

— O que você fez...? — Ela engoliu em seco. A vista já estava começando a embaçar.

— Eu escolhi o lado vencedor. Foi isso que eu fiz.

— O que está acontecendo? — Ela cambaleou para o lado. As pernas já davam indícios de que a deixariam desabar.

— Nate a conhece o suficiente para saber que você não resistiria a uma garrafa de whisky francês. E agora que a droga já está no seu sistema, é hora de dormir.

— Vocês já acabaram? — Mia adentrou ao quarto repentinamente.

— Mia! — Gwen implorou aos gritos — Mia! Me ajude, por favor!

— Sinto Muito Gwen, mas só tem espaço para uma garota nessa família. E com certeza não é você.

— Não! — Gwen caiu por cima da penteadeira, derrubando todos os objetos que Jensen antes organizara.

— Então, deu tudo certo. — Nate surgiu pela porta.

Olhou para Gwen desfalecendo no carpete como quem assistia a uma elegante peça de teatro. Ela podia sentir os olhos fechando sozinhos enquanto perdia todos os sentidos na frente de seu maior inimigo.

— Tudo bem. — Nate fitou a irmã — Considere sua dívida paga.

— Ela divulgou seus vídeos para a imprensa. Sinto que poderia ter feito minha parte sem remuneração.

— Obrigado, irmã. Você definitivamente é uma Strauss — Nate parecia orgulhoso.

E não apenas orgulhoso estaria se a irmã continuasse provando sua utilidade. Informar a Gwen de maneira discreta aonde Jensen estava hospedado fora a primeira prova de que dividiram o mesmo ventre. Mas conhecendo o mundo como Nate achava conhecer, não demoraria muito para que Mia merecesse seu lugar como membro da família sabotagem.

— O que você vai fazer com ela? — Perguntou Jensen.

— Não se preocupe, vai parecer acidente.

Assim que Nate encerrara sua resposta, quatro homens vestidos de branco invadiram o quarto. Caminharam até Gwen e rapidamente levaram-na para o lado de fora. Ainda estava consciente quando sentiu o toque gelado de todas aquelas mãos; e em poucos segundos, já havia apagado verdadeiramente.

— Bom trabalho, Jensen. Eu obviamente subestimei seus dezenove centímetros. — Após uma piscadela, Nate passou pela porta.

— Hey, espera. — Jensen agarrou seu braço. — O que vai acontecer com ela? O que esses homens vão fazer?

— Não há motivos para se preocupar. Você sabe como escadas são perigosas, não é? Qualquer deslize e uma pessoa pode atravessar uma vidraça e ficar com cicatrizes irreversíveis em seu rosto. Pobre Gwen, nem vai lembrar do acidente, mesmo com tantas testemunhas. Eu só tenho a lamentar... — Nate sorriu pela ultima vez antes de sair pela porta. Mia fez o mesmo logo em seguida.

Jensen foi o único a permanecer quieto no mesmo lugar. Mesmo sem compreender as verdadeiras intenções de Nate, cada centímetro de seu corpo estava arrependido por tê-lo ajudado. De que valia todo o seu esforço para ser um novo homem, se no final, poderia se transformar em tudo o que despreza em seus inimigos? Nate não poderia levar embora seu caráter. Nunca mais.

Justin fitou a Tv com o olhar inexpressivo. Não importava o quanto apertasse os botões no controle remoto, nunca encontraria um canal que merecesse sua atenção. Nem mesmo aqueles que ainda falavam sobre os vídeos particulares que vazaram na internet.

— Justin? — Era a décima vez que Kerr aparecia na sala de estar — Você está bem? — Tomou um gole de seu remédio efervescente.

— Estou vendo TV. Tire suas próprias conclusões.

— Eu sei que você não quer conversar, mas...

— Você tem razão, eu não quero conversar.

— Okay. — Kerr assentiu — Você precisa de alguma coisa?

— Você vai sair? — Justin finalmente virou.

Encarando o amigo pela primeira vez, desde que o dia começara, percebeu que seus ferimentos já não estavam tão ruins. O corte na bochecha cicatrizava aos poucos, o nariz quebrado já estava sem a proteção e os hematomas no pescoço eram quase imperceptíveis. Só precisava cuidar do olho roxo, e então, estaria como novo. Justin nem queria imaginar o que Nate ordenara aos presidiários para que Kerr ainda estivesse em recuperação.

— Preciso ir ao banco, problemas com o cartão de crédito. Você vai ficar bem?

— Você sabe que eu não sou do tipo que precisa de cuidados. Você, por outro lado... — Justin deu um ar de risos e virou novamente para encarar a TV.

— Tudo bem, então.

Kerr analisou a situação por alguns segundos, e então, certo de que não havia perigo, caminhou até o elevador.

— Hey, Kerr!— Justin chamou. Kerr fez uma pequena pausa em seu trajeto para ouvir o que ele tinha a dizer. — Obrigado por me deixar ficar aqui.

— Amigos são para essas coisas. — Kerr sorriu gentilmente antes de adentrar ao elevador.

Pelo pouco que conseguiu enxergar enquanto as portas não se fechavam automaticamente, Justin finalmente havia escolhido um canal de TV para repousar sua atenção. A expressão serena de seu convidado, no entanto, era apenas um truque.

Assim que ouviu o barulho das portas fechando, Justin olhou para trás e correu em direção ao quarto de Kerr. Nem precisou se esforçar para encontrar o que estava procurando. O notebook do garoto estava fechado em cima da cama, e como imaginava, havia várias abas abertas no mesmo navegador; uma para cada página de comentários de todos os vídeos que vazaram recentemente. Alguns projetos amadores foram expostos para o mundo inteiro, mas alguns continuavam guardados por sete chaves. Era exatamente o que Justin estava a procura.

Seguindo as instruções de Gwen, ele abriu o navegador e entrou na caixa de entrada de seu antigo email. Havia cinco vídeos em sequencia, e pela tarja vermelha no primeiro, deveria ser o mais importante.

Justin deu play e colocou os fones de ouvido.

As primeiras cenas mostravam Jensen e Kerr fazendo sexo na suíte principal da mansão dos McPhee, que fora interditada por Patrick logo depois de ser deixado pela mulher. Tendo convencido tantas vezes o ex namorado a invadirem o local, Justin sentia que poderia reconhece-lo até mesmo de olhos fechados. E parecia que ele não era o único.

Alguns segundos de vídeo precisaram ser avançados em quarenta segundos para evitar uma possível náusea que Justin acreditava estar por vir. Agora Jensen e Kerr apareciam lado a lado na cama, fitando o teto. O ângulo infelizmente não deixava a mostra suas expressões faciais.

— Você tem um tempo? — Perguntou Kerr.

— Não, meu pai me escalou para mais um evento. Você pode desligar a câmera agora...

— Você nunca fica tempo suficiente... — Kerr levantou da cama e caminhou até a penteadeira onde havia deixado a câmera. Sem que Jensen percebesse, fingiu apertar o botão para desliga-la. — Pronto, estamos sozinhos agora. — Caminhou de volta até a cama logo em seguida.

— Eu achei que ser o amante era o suficiente para você.

— Será o suficiente enquanto Justin não descobrir. — Kerr sorriu — O que você viu nele, afinal? Nem é um homem de verdade.

— Não sei... — Jensen ficou pensativo de um segundo para o outro — Acho que ele é o único que vai ficar ao meu lado sem se importar com os meus erros.

— E o Nate?

— Já deve ter me esquecido. — Jensen quase suspirou. Mesmo após dois anos, as lembranças ainda eram capazes de mudar completamente o seu estado de espírito; de jovem feliz e realizado para o ser humano mais desprezível que já conhecera. — E eu ainda me lembro daquela noite todos os dias.

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— Você não deveria culpar-se tanto. Você não fez nada.

— Eu o traí. Sem me importar com o que iria acontecer... Sou tão culpado quanto todos vocês.

— Você quem sabe. Deve ser por isso que nos damos tão bem. — Kerr pegou um cigarro de cima do criado mudo.

— Eu acho... Eu acho que nunca vou conseguir amá-lo...

— Quem?

— Justin. — Jensen olhou para ele, com seriedade. — Eu acho que nunca vou conseguir amá-lo dessa maneira.

Kerr olhou discretamente para a câmera. Jensen não fazia ideia de que ainda estava sendo filmado, mas ele sabia, e estava bastante satisfeito com o material que gravara. Era a filmagem que lhe daria vantagem contra seu rival, caso precisasse.

E Justin mal conseguia controlar o mal estar dentro de si mesmo enquanto encarava a tela do notebook.

— Se Nate estivesse aqui, agora, o que aconteceria com você e Justin?

— Não existiria mais um “eu e Justin”.

Justin sentiu o sangue ferver da cabeça aos pés. Fechou o notebook no mesmo instante e começou a caminhar desorientado através do quarto. A voz de Jensen estava em todos os lugares, assombrando seus pensamentos e aniquilando até mesmo as boas memórias. “Eu acho que eu nunca vou conseguir amá-lo” – sua voz repetia sem descanso.

Numa tentativa frustrada de tirar a própria mente de seu precipício, Justin chutou os moveis do quarto, gritando de maneira ensurdecedora. Poderia ser de dor, poderia ser de arrependimento, poderia ser ódio. Ele não se importava. Só estava desejando que o jogo voltasse a seu favor. Como poderia perder o amor da sua vida para seu maior inimigo? Como Nate poderia sair impune depois de tudo o que fez? Se o universo não estivesse disposto a fazer a justiça que acreditava, ele teria o prazer de lhe mostrar como se faz.

Correu como uma bala até o escritório do senhor Foster e começou a revirar tudo o que estava a sua frente. Derrubou no chão suas bebidas, seus papeis e seus objetos decorativos, até lembrar da ultima gaveta da mesa de centro. Dentro dela havia uma arma prateada com um pente interno totalmente carregado e outro reserva dentro de um estojo de couro.

Enquanto admirava a única coisa que poderia lhe trazer a salvação, Justin sorriu aliviado como um demente. Nunca fizera o tipo possessivo, mas perder tudo o importava havia lhe dado uma nova perspectiva. Se Jensen não era seu, também não seria de mais ninguém.


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2x12: Loves Me Not (06 de Setembro)
Semana que vem teremos um dos capítulos mais intensos da história de The Double Me, na minha opinião. É por isso que eu vou sugerir para não perderem, porque estamos prestes a perder alguém. DE VERDADE.

Bônus: Kerr estava meio sumido, então decidi aproveitar essa aparição repentina para postar seu Dramcast. Para mim o personagem sempre se assemelhou a jovens como na primeira foto, com uma expressão agressiva e os cabelos penteados para trás como Chuck Bass de Gossip Girl. Até porque, o cara faz jus ao estereótipo de QI elevado. O que acharam?

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