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[Crítica] O Abrigo


Direção: Xavier Gens
Ano: 2011
País: EUA/Canadá
Duração: 112 minutos
Título original: The Divide

» Será distribuído pela PlayArte, direto em DVD, com o título O Abrigo. Não é a tradução literal, mas não ficou ruim se considerarmos a história do filme.

Crítica:

Os sortudos morreram na explosão.

Existem filmes que se vendem com uma perspectiva interessante, mas, na verdade, não passa da mesma fórmula, repetida de uma forma um pouco diferente. O importante, é que a base, a alma da estrutura, é a mesma. E porque eu comecei esta crítica dizendo isso? Bem, The Divide parece ser um filme interessante, sobre a destruição em massa de um país, onde acompanhamos o drama de algumas pessoas isoladas. A questão é que é uma premissa realmente interessante, e temos que admitir que "fim do mundo", "limite da natureza humana" e "terror", é uma mistura pouco usual no mundo cinematográfico. Mas, será mesmo que funciona?

A história, como eu já adiantei ali encima, fala sobre um grupo de pessoas que, após perceberem que uma bomba acabou com tudo ao seu redor, correm até um abrigo, localizado no subterrâneo de um prédio. Sem entender muito bem o que está acontecendo, o grupo é orientado, pelo seu líder, a lacrar todos os buracos que possam ligá-los com o exterior, que, segundo ele, pode ser extremamente mortal. Mas, conforme seus suprimentos vão acabando e a situação sobre o que está acontecendo do lado de fora se complica, o grupo vai, aos poucos, perdendo completamente sua sanidade. Conforme a barbárie vai tomando conta dos confinados, alguns deles vão apresentado alguns sintomas estranhos...

Então, eu já disse, a premissa é interessante. A abordagem do filme é eficaz, e, apesar de ter mais de duas horas de duração (juro!), o espectador quase não percebe, porque tem sempre algo emocionante acontecendo na tela. Um exemplo de que o filme não tem tempo a perder e sabe aproveitar muito bem todo o seu extenso tempo, são os minutos iniciais. Nada de desenvolver personagens com diálogos felizes, o negócio é já começar no calor da ação, com todos desesperados e correndo por suas vidas.

O diferente é que o desenvolvimento não acontece apenas no começo para, da segunda metade em diante, aja apenas um banho de sangue. O desenvolvimento acontece durante todo o tempo, onde nós conseguimos perceber a mudança no caráter de cada um dos personagens. É óbvio desde o começo quem é a protagonista do filme, porque o diretor não tenta esconder isso de ninguém. Ela é interpretada pela atriz Lauren German, que eu sou fã desde O Albergue 2. Sua personagem é forte e se destaca em meio a tantos covardes, gostei bastante dela. Os outros também não ficam para trás. No terceiro ato, os atores que interpretam os vilões da história simplesmente arrasam na interpretação. A maquiagem de todos eles também está ótima, eles realmente parecem doentes. E o melhor, dá para ver os vários processos que os levaram a ficar com a aparência de seus minutos finais.

E para aqueles de coração fraco, é melhor passar longe. Temos algumas cenas muito fortes, tanto de violência, quanto de teor sexual. O diretor não poupa ninguém, muito menos o roteiro, que não está nem aí e tudo pode acontecer com todos. As cenas de estupro são fortes e as de violência também. Temos tortura, cortes profundos, pessoas queimadas e desmembramentos. Esta última, não aparece, mas só de ouvir os sons, é de causar arrepios. Além disso, não podemos esquecer da atmosfera opressiva que alguns personagens colocam sobre outros. Praticamente todos surtariam no lugar deles.

Como ponto negativo, temos a falta de informações. Como eu já disse que tudo acontece rápido demais no começo, o espectador fica esperando por uma explicação decente no resto da projeção, mas, com o passar do tempo, só temos mais momentos estranhas, que trazem mais perguntas do que respostas. O foco do filme é na transformação das pessoas trancafiadas, então não espere saber o que está acontecendo no exterior. Tudo o que sabemos, não passa de suposições, apesar da maioria delas, parecer correta. Enfim, é bem legal, e muitos irão reclamar da longa duração - apesar deu nem ter sentido. Se quiserem assistir, vão com sua conta em risco. Apesar que eu acho que, ao saberem que não terão explicações concretas, não irão se decepcionar totalmente quando os créditos finais começarem a subir.


Trailer Legendado:

Comentário(s)
4 Comentário(s)

4 comentários:

  1. vanessa vasconcelos reznor17 de abril de 2012 às 20:46

    crítica perfeita,o único defeito do filme é a falta de explicação,e por ter mais de duas horas de filme merecia alguma informação sobre o que causou e quais os motivos para aqueles mascarados fazerem aquilo tudo,mais tirando isso foi um ótimo entretendimento,muito emocionante,todos os atores foram maravilhosos,principalmente o ex heroes lá,e a lauren german que eu adoro desde um amor pra recordar,e olha que eu nem sou muito de filme de romance,sem falar no maravilhoso remake do massacre da serra elétrica,aquela cena que ela da um tiro na boca foi chocante e muito realista,enfim,uma atriz muito talentosa.e o alberge 2 tbm foi fodástico.fui............

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  2. Gostei demais do filme, e não acho que cabia explicação, o que faz do filme bom é mostrar toda a história do ponto de vista dos confinados, que não sabiam de nada... Interpretações magníficas, roteiro coerente e corajoso, enfim, nota 10!

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  3. Assisti hoje e adorei, apesar de fortíssimo e chocante. A cena da tortura tive que virar a cara e me esconder no ombro do marido porque não aguentei. Concordo com a postagem acima, o foco da história são as relações humanas num ambiente apocaliptico e de confinamento onde qualquer um pode enlouquecer e é capaz de tudo. Afinal o humano também tem seu lado selvagem, nosso lado humano só é lapidado pela vida em sociedade, educação, moral cristã, lei e ordem.
    Apesar que dá uma curiosidade para saber o que aconteceu, quem o fez, quem eram aqueles caras do lado de fora e o que faziam com as crianças.
    A atuação tbm está de parabéns, os atores foram maravilhosos, maquiagem, desenrolar da tranformação, etc. A produção se preocupou até com os mínimos detalhes, como por exemplo a queda de cabelo dos personagens, pois em situações de estress extremo o cabelo é o primeiro a dar sinais no corpo.

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