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[Livro] Destino Final - Capítulo 10: Até que a Morte Nos Separe

Chad olhava para o caixão fechado de Scott com uma dor enorme no peito. Ele estava certo sobre o que estava acontecendo. Os sobreviventes do acidente com o Perry180 estavam morrendo de um a um, na ordem em que deveriam ter morrido no acidente se tivessem permanecido no navio. Eles só ganharam um tempo a mais de vida por causa da visão de Rachel e Chad, e foi exatamente isso que atrapalhou seu destino final.

Mas Chad, além de achar aquilo injusto, também achava cruel. A forma com que as pessoas estavam morrendo, ele sabia que Serena deve ter sofrido muito com sua morte assim como Zac, mas as mortes de Alice e Scott pesavam mais, porque eles eram mais próximos. Não era justo que eles sobrevivessem àquele acidente pra depois morrer desse jeito, Chad chegava até a desejar que eles não tivessem saído do navio, mas sabia que de acordo com sua visão, as mortes poderiam ter sido ainda piores.

Rachel estava ao lado dele, finalmente cansara de observar tudo por trás de uma árvore. Ela sentia que devia aquilo a Chad, sabia que ele precisaria dela naquele momento.

Todas as pessoas que estavam no enterro pareciam incomodadas com a presença deles. Chad não percebia, já que ficava vidrado no caixão, mas para onde Rachel olhava, percebia que as pessoas a encaravam, como se ela tivesse culpa daquilo. Era bastante compreensível, mas aqueles olhares acusadores eram insuportáveis.

A mãe de Scott estava sentada numa cadeira bem de frente para o caixão, ela estava chorando desde a morte do filho, não conseguia parar. Mas era apenas ela que estava ali, seu marido e Jill pareciam ter evaporado, com certeza se sentiam mal por presenciar aquilo, a maioria das pessoas se sentiria, mas Chad pensava que Jill não perderia a oportunidade de dizer adeus a Scott.

Chad finalmente tirou os olhos do caixão. Ele fitou a senhora Linderman que coincidentemente olhou para ele no mesmo momento, sentindo que as palavras daquele padre não faziam o menor sentido. Ela sentiu raiva quando olhou para ele, estava tão abalada que se levantou e começou a gritar.

- O que você está fazendo aqui?

Todos do enterro olharam pra ela. Chad olhou pra trás, queria ter certeza de que ela não estava falando com ele.

- O que? – Ele estava confuso.

- Ele morreu por sua culpa! – Gritava a senhora Linderman, histérica – Por que você não salvou ele de novo? Por que você deixou ele morrer?

- Senhora Linderman...

- Você não deveria estar aqui! Você é um monstro! Sai daqui! Sai daqui!

- Senhora Linderman... – Um jovem rapaz da equipe de futebol pegou nos ombros dela, queria impedir tudo aquilo.

- Me solta! Eu quero esse bruxo fora daqui!

Chad não disse mais nada, apenas deu meia volta e saiu. Rachel correu atrás dele, se sentindo mal por ter ficado com raiva da senhora Linderman, mesmo que ela tivesse o direito de fazer o que quisesse naquela situação.

Chad andou até a árvore mais próxima e se escorou. Deu um suspirou e se abaixou devagar, até sentar na grama. Ele estava pálido, seus lábios estavam tão rosas que parecia que ele havia passado batom. E ele sentia sua gravata apertar, também sentia calor com aquele paletó, mas o que mais sentia era vontade de gritar.

Rachel se ajoelhou à frente dele e não disse uma só palavra, sabia que não ia adiantar.

- Está acontecendo... – Ele sussurrou, tentando fazer sua respiração sair do ofegante para normal – Nós todos vamos morrer...

- Não fale assim... – Rachel sentiu que um nó na garganta estava impedindo-a de falar, pois o que Chad dissera era exatamente o que ela pensava, mas precisava animá-lo.

- Alice, Serena, Zac e Scott... – Ele suspirou mais uma vez e olhou pra ela – Naomi é a próxima...

- E depois Jill...

- Acho que ela não está ligando... – Chad parecia certo disso desde que encontrara Jill depois da morte de Scott e ela tinha colocado toda a culpa nele – Deus, eu estou... Desesperado. Todos sabem que um dia vão morrer, mas eu sei que eu vou morrer logo.

- Você não sabe disso, ninguém sabe. Como vamos saber quanto tempo temos?

- Scott não teve muito, é só uma questão de tempo pra ela vir atrás de Naomi... – Chad escorou sua cabeça no tronco da árvore, estava cansado.

- O que vamos fazer? – Rachel engoliu em seco só de pensar na prima morrendo.

- Não tem jeito, nem se tentarmos...

- Eu acho que tem... – Rachel chegou mais perto dele para falar – Naquele dia, na serraria, nós salvamos a vida de Scott, puxamos aquela alavanca e a serra parou. Se não tivéssemos sentido que ele iria morrer, nunca teríamos ido lá, a serra teria cortado ele ao meio.

- Mas ele morreu mesmo assim, era pra ter sido assim.

- Era pra termos morrido naquele navio, mas depois da nossa visão, todos nós pudemos sair. Chad, você não vê? Nós podemos nos salvar. Nós sentimos algo estranho sempre que alguém vai morrer. Nós vemos coisas estranhas, agouros, presságios, que não sabíamos enxergar até pouco tempo. Se nós virmos alguma coisa ou sentirmos, podemos ter tempo de salvar alguém, assim como nos salvamos de morrer naquele navio.

- Você não entende... – Chad olhou pro lado novamente, com a cabeça escorada na árvore, ele pôde ver o zelador do cemitério tirando algumas folhas mortas do chão – É apenas um plano... Tudo o que acontece nos ajuda a morrer. Desde quando acordamos até quando vamos dormir... – Ele olhou para ela de novo – Como vamos saber se não morreremos apenas sentando aqui pra conversar ou se quando sairmos daqui e formos atravessar a rua vamos ser atropelados? Por Deus, Serena morreu numa banheira de hidromassagem, quem imaginaria uma coisa dessas pra se prevenir? Isso se chama destino, e ele provou que existe não só com Serena, mas com todas essas mortes... Não sei se tem esperança pra quem está marcado para morrer.

- Então vamos impedir. Se formos morrer quando sairmos daqui, vamos simplesmente ficar aqui. Nós sentimos, Chad. Nós vimos e se não fosse tudo isso estaríamos mortos agora. Isso não quer dizer nada pra você?

- Sinto muito...

Rachel abaixou a cabeça, derrotada, mas estava chateada. Ela olhou para seu vestido preto, estava ajoelhada encima dele. Chad realmente não entendia o que ela queria dizer, mas ela estava disposta a tentar salvar as pessoas que saíram daquele navio, começando pela sua prima.

- Nesse caso... – Rachel se levantou.

- Rachel, espera – Disse Chad, mas ela nem deu bola, continuou andando. Ele se levantou do chão, não estava arrependido do que dissera, mas não queria que ela ficasse com raiva – Rachel!

- Quer saber? – Ela virou pra ele. Deu dois passos e parou – Não era apenas Chad Barclay que estava dentro daquele navio, não foi apenas Chad Barclay que teve uma visão, não era apenas Chad Barclay que sofre com o que está acontecendo. E adivinha só? Não é apenas Chad Barclay que logo vai morrer, então poupe-me das suas desculpas, eu vou tentar salvar as pessoas que eu amo, porque uma hora vai chegar a minha vez e eu quero que essas pessoas tentem fazer o mesmo por mim. Porque uma vez eu não consegui...

- Espera, do que você ta falando? – Chad ficou mais focado no assunto, ela parecia ter ficado mais abalada com a ultima frase.

- A mãe de Naomi... Foi um acidente, eu estava lá quando aconteceu, e não pude fazer nada. Eu era só uma garota de 14 anos, eu, ela e meus pais estávamos voltando de uma festa, tia Sylvia tinha bebido demais, não era pra termos deixado ela dirigir... – Rachel hesitou. Tirou o cabelo da frente do rosto e continuou – Eu tinha feito birra pra ficar ao lado dela no banco da frente, sabe? Como uma criança mimada que não consegue ouvir um não... Quando o carro caiu no rio eu simplesmente... Vi a coisa toda acontecendo, foi como aquele ar gelado que eu senti no navio, só que bem pior... Ela se machucou na batida antes do carro cair no rio e ficou duas horas no hospital, mas não aguentou. A ultima coisa que ela disse foi pra eu cuidar de Naomi porque ela era fraca, e é exatamente isso que eu estou fazendo.

- Você não pode se sentir responsável por isso, Rachel.

- Eu poderia ter feito alguma coisa. Tê-la obrigado a colocar o cinto, eu sei lá, não ter insistido pra ela ir àquela festa... Nem consigo imaginar como teria sido se Naomi não tivesse ficado doente e estivesse naquele carro com a gente. Eu sou responsável por ela, Chad, sendo culpada pela morte da mãe dela ou não.

- Eu sei como é – Chad deu alguns passos na direção dela – Nada do que eu disser vai adiantar, isso vai ficar com você até seu coração parar de bater...

- Quero tentar protegê-la como a mãe dela pediu... Isso é errado?

Chad abaixou a cabeça, quase nem ouviu o que Rachel dissera por causa dos seus pensamentos. Ele ficou processando suas ideias, lembrando das coisas que leu sobre Anna Trents e tentando fazer uma ligação com a história de Rachel. Anna disse que no acidente ela quase morreu e por isso ficou sensível para conseguir ver os planos da morte de quem a cercava. Rachel tinha acabado de dizer que sentiu a mesma sensação gelada no acidente que matou sua tia, não podia ser coincidência.

- Você me ouviu? – Perguntou Rachel, um pouco ofendida, ela estava se abrindo e achou falta de educação ele parecer distante.

- Você também ficou perto da morte, assim como eu...

- O que?

- Eu, no barco, com meu pai... Você no carro com a sua tia... Acho que enganamos a morte antes do Perry180...

- E ficamos próximos demais... – Rachel olhou pra ele, sabia no que estava pensando.

- O suficiente pra senti-la de novo...

--

O barulho dos talheres era a única coisa que se ouvia na mesa dos Invec. Jill brincava com a comida em seu prato, nem tinha provado, e era pedir demais naquele momento que ela se esforçasse pra comer. Só o que pensava era que Scott deveria estar sendo enterrado naquele exato momento e isso acabaria com todos os planos que um dia eles fizeram juntos. Não haveria mais faculdade da Califórnia, ou viagem de férias pro Canadá, ela não iria mais esquiar ao lado dele. Não haveria mais casa de campo onde criariam seus filhos gêmeos, muito menos um título para Scott de campeão do basquete. Mas ela não conseguia chorar, ou não se permitia, chorar não iria trazê-lo de volta.

Sua mãe, na ponta da mesa, trocava olhares com seu prato e com a expressão de morte da filha. Ela estava tentando não dizer nada apesar da preocupação, pois sabia que só o que Jill queria era ser deixada em paz com sua dor. Mas seu pai estava incomodado com aquela situação. Sabia que Jill amava muito Scott, mas achava que ela deveria viver sua vida desde já.

- Você nem tocou na comida, filha – Ele disse, enquanto mastigava um pedaço de alface.

- Não estou com cabeça pra isso... – Respondeu Jill, com a voz sem vida.

- Você sabe que eu sou um pai legal, dou liberdade, confiança e deixo você mesma se cobrar as coisas, mas acho que você deve se alimentar. Scott ficaria...

- Não! – Ela gritou – Não fale o nome dele...

A senhora Invec abaixou seus talheres, envergonhada, sabia que eles deveriam deixá-la em paz por enquanto ou então as coisas podiam piorar.

- Tudo bem – Disse o senhor Invec, disfarçando a frustração. Ele começou a cortar o bife em seu prato – Vai haver uma exposição de artes no sábado, vocês são minhas convidadas.

- Exposição? – Perguntou a senhora Invec, ela adorava aquilo – Onde?

- Eu vou... – Disse Jill, interrompendo a conversa dos dois.

- Nossa, isso é ótimo, filha – O senhor Invec quase sorriu – A gente vai se divertir...

- Duvido muito... – Jill jogou o garfo na mesa e levantou – Não estou com fome.

- Aonde você vai, querida? – A senhora Invec lançou um olhar cuidadoso para o marido.

- Ao parque... – Jill colocou seu casaco marrom por cima da blusa rosa – Espero que isso não seja um problema.

- Na verdade, filha...

- Obrigada por me deixarem ir – Jill nem deixou seu pai terminar de falar, apenas cuspiu as palavras e saiu pela porta.

Ela andou até seu carro verde escuro que estava em frente a sua casa. No caminho, tirou as chaves do bolso e desativou o alarme. Deu a volta e entrou no banco do motorista. Foi só saber que ninguém a estava olhando que começou a chorar. Nunca tinha sentido dor tão grande, seu peito parecia que iria explodir e a saudade parecia matá-la.

Ela deu alguns socos no volante junto de gritos histéricos, nem aquilo ajudaria sua dor passar. Debruçou-se no volante e sentiu as lágrimas caindo, era exatamente do que ela precisava, alguns segundos de gritos e choros só para aquela dor sair um pouco de seu peito.

Levantou a cabeça e olhou pra frente, havia uma foto dela e de Scott juntos perto de uma mesa de milhar no vidro do carro. Ela abaixou a foto, era difícil de encará-la. Ligou o carro e pisou fundo no acelerador, em busca de qualquer coisa que a fizesse parar de pensar em Scott por alguns minutos, mesmo que fosse medo.

--

Rachel entrou em sua casa e a primeira coisa que viu foi Naomi sentada no sofá, assistindo TV. Ela jogou seu casaco no outro sofá e andou até lá, estava pronta para dizer a Naomi sobre o que estava acontecendo. Já haviam se passado dois dias desde que Scott morrera e ela ainda não havia tido coragem para contar, sabia que a reação de Naomi não seria das melhores.

- Hey, Ray – Disse ela, com a voz meio baixa – Onde você estava?

- Onde está Chuck?

- Dormindo no seu quarto, espero que você não se importe.

- Claro que não – Rachel suspirou e passou a mão no cabelo, não sabia como dizer aquilo – Naomi, preciso contar uma coisa.

- Não precisa não – Naomi estava com medo que fossem noticias ruins, estava farta de toda aquela situação.

- Você precisa saber – Rachel sentou-se ao lado dela no sofá.

Na TV estava passando um desenho animado, fazia muito barulho, mas Rachel nem percebia, estava concentrada em escolher palavras para falar com Naomi, mesmo que pudesse parecer louca.

- Rachel, eu estou com dor de cabeça, dormindo a base de remédios, por favor não complique as coisas.

- Naomi, mais um sobrevivente do Perry180 morreu, acho que você está em perigo...

- O que você está dizendo? – Naomi apontou o controle remoto pra TV e a desligou.

- Eu acho que nós estamos em perigo, Naomi... Eu acho que você é a próxima...

Naomi ficou séria por alguns segundos, mas depois caiu na gargalhada. Rachel suspirou, não acreditava que ela estava rindo de uma coisa séria.

- Tipo, o que? – Naomi riu mais – Tem um serial killer matando todos os sobreviventes do Perry180 ou é o destino?

- Naomi, quatro pessoas morreram. Você viu duas delas!

- Sim, e estou tentando esquecer. Por que você também não faz o mesmo? Ray, eles morreram e nós vivemos, nós nunca vamos seguir em frente se continuarmos pensando nisso...

- Não seja insensível, Naomi – Rachel já estava revoltada.

- Insensível? Eu? – Naomi riu, com deboche – Rachel, a maioria das pessoas não vê alguém morrendo e eu vi, eu estou tão traumatizada quanto você. Acredite, eu acordo suada no meio da noite por causa desses pesadelos e mal consigo sair na rua de novo, só o que eu quero é esquecer que isso aconteceu e seguir em frente porque eu não aguento mais que minha vida se resuma a este acidente de navio e a estas mortes. Eu não aguento mais, Rachel, não aguento! Mas se você se acha no direito de fazer ou dizer qualquer coisa só porque viu coisas piores, me desculpe se não estou encorajando.

- Naomi... – A voz de Rachel saiu calma, ela começou a ficar com pena da prima, que por um lado tinha razão.

Mas não era sadio para ela acreditar que estava tudo bem, porque ela era a próxima. Assim como para os outros, a morte também chegaria até ela e ela precisaria de ajuda para tentar se salvar, se isso fosse possível. Rachel então começou a pensar em Chad. Ele não acreditou nela quando disse que poderiam salvar os restantes e a si mesmos, mas ela já estava achando que ele não tinha escolha. Mesmo que fosse em vão, eles precisavam lutar, precisavam salvar uns aos outros e quem sabe depois tudo isso termine. E de acordo com a lista, Naomi era a próxima, logo depois dela vinha Jill, e depois ela e Chad, estava perto demais.

- Vem comigo – Rachel se levantou.

- Pra onde? – A voz de Naomi ainda era de deboche.

- Apenas venha comigo, precisamos falar com Chad.

- Não precisamos não. Eu sei o que ele está junto com você nessa, mas eu não posso entrar também.

- A gente só está tentando salvar a sua vida! – Gritou Rachel.

- Rachel! Não grite comigo!

- Naomi... – Ela se aproximou – Eu sempre fiz tudo o que você mandou, desde coisas boas até coisas ruins. E o que eu ganhei com isso? Nada além da sua duvidosa amizade. Então agora, eu só estou pedindo pra você entrar naquele carro e ouvir o que nós temos a dizer, e depois disso você ficará livre pra escolher no que quer ou não acreditar, mas apenas me faça esse favor. Preciso que você nos ouça.

- E por que ele não vem aqui?

- Agora, Naomi!

- Ta legal! – Naomi levantou do sofá – Mas só porque você é minha prima e já fez muito por mim...

- Você vai agradecer depois que você nos ouvir.

- Deixe eu trocar de roupa – Naomi correu pro quarto.

Rachel suspirou, mas aceitou, já tinha sido sorte Naomi ter aceitado ir com ela. Ela sentou no sofá e olhou para o notebook dela encima da mesa da sala, ainda estava ligado. No monitor estava uma foto dela e de Naomi abraçadas em frente aos armários do colégio. As duas estavam sorrindo, felizes, aquela foto não era muito antiga. Aquela lembrança fez Rachel sorrir, lembrando dos velhos tempos de quando elas eram felizes.

Rachel pegou o notebook e colocou no seu colo. Com apenas um clique as fotos passavam, uma mais linda que a outra, Naomi era realmente a garota mais bonita que Rachel conhecera. E a cada foto que passava, um sorriso, era incontrolável não ter uma boa sensação com aquelas fotos.

Entre um clique e outro, Rachel notou algo estranho na foto onde ela e Naomi estavam comendo algodão doce no parque de diversões. Elas estavam rindo, mas Rachel não se sentiu bem com aquela foto. Ela tocou no monitor e olhou mais de perto, o brinquedo kamikaze parecia estar caindo na cabeça de Naomi. Ele era como uma ampulheta, só que dividido em duas partes. As pessoas ficavam na parte de cima e na parte de baixo enquanto o brinquedo girava numa velocidade assustadora.

Rachel passou a mão pela foto, tocando as outras coisas que havia naquele parque. O crazy dance parecia que iria se deslocar e acertá-la, a posição de Rachel até demonstrava a mesma coisa. Aquele era o brinquedo mais famosos da cidade, eram cadeiras onde cabiam quatro pessoas, elas ficavam girando de um jeito paralelo, dando a impressão que vão se chocar.

Logo Rachel sentiu um calafrio, ela sabia reconhecer, era aquela mesma sensação que sentia quando alguém iria morrer. Ela jogou o notebook pro lado e correu para a porta do quarto, gritando por Naomi.

- Naomi! Naomi!

- O que foi? Estou me trocando.

Rachel suspirou, pensou que Naomi tivesse fugido pela janela para ir até o parque de diversões. Mas ela ainda era a próxima, se Rachel sentiu aquele agouro era porque ela estava prestes a morrer e tudo tinha haver com um parque de diversões.

- Corre! – Ela gritou e bateu mais uma vez na porta – A gente precisa chegar rápido no Chad! – Rachel tirou o celular do bolso.

--

- Oi, Jill está? – Perguntou Chad ao celular, tomando cuidado com a direção.

- É o Chad? – Perguntou o senhor Invec.

- Sim, gostaria de falar com ela, por favor.

- Desculpe, ela saiu ainda a pouco, disse que foi para o parque de diversões...

Chad sussurrou a palavra “droga” para o senhor Invec não ouvir.

- Tudo bem, ligo mais tarde – Ele desligou e colocou o celular no banco do lado, mas ele tocou imediatamente.

Chad recusou a ligação de Rachel assim que leu seu nome no visor. Ele queria falar com ela, mas sabia que ela iria tentar convencê-lo de que eles poderiam ser salvos. Chad já tinha uma opinião sobre isso, ele achava que não existia saída.

Parou de pensar em tudo aquilo assim que um homem do carro de trás buzinou para ele ir mais rápido, estava quase parando. Chad pisou no acelerador e saiu dali, logo após ignorar mais uma chamada de Rachel.

Ele dobrou e passou por uma loja de materiais de construção, alguns homens estavam passando novos materiais para o segundo andar com a ajuda de uma corda. Ele não soube porque, mas ficou olhando, sentia que estava esperando um acidente. Mas se alguma coisa desse errado, seria fatal para aqueles trabalhadores. Ele atendeu quando seu celular tocou novamente.

- Rachel, se você ligou para...

- Escuta! – Gritou Rachel, nervosa – Vai acontecer alguma coisa num parque de diversões! Eu estou com Naomi!

- O que? – Chad juntou as peças, Jill estava em perigo.

- Naomi está segura, estou vendo ela daqui – Rachel olhou para Naomi, que estava se olhando no espelho – A gente vai até sua casa agora.

- Rachel, acabei de ligar para a casa de Jill, eles disseram que ela foi para o parque de diversões.

- Chad, vai pra lá, ela pode ser a próxima, ou... – Rachel hesitou.

- Ou o que?

- Ou Naomi vai morrer mais rápido pra chegar a vez de Jill...

Depois disso, tudo aconteceu muito rápido. Um carro sem freio bateu na ponta do carro de Chad, que virou. Não aconteceu nada com ele, estava com cinto de segurança, mas o susto foi enorme. O celular caiu pra baixo e desligou imediatamente, deixando Rachel confusa do outro lado da linha.

Chad respirou calmo quando seu carro parou de girar. Ele sentia dor de cabeça, sua testa estava sangrando. Pegou nela e seus dedos ficaram sujos de sangue. Quando olhou pro lado, viu um caminhão de vigas desgovernado indo na direção dele. Ele forçou a porta, mas não abria e o cinto de segurança não queria sair. Ele gritou e colocou os braços na frente do rosto, até perceber que não havia caminhão nenhum.

Ele olhou ao redor, estava inteiro, nenhum caminhão estava vindo na sua direção. Ele só conseguia pensar que aquilo poderia ser um sinal, e já estava decidido que deveria tentar salvar o restante das pessoas.

--

- Não vamos mais, Naomi.

- O que? – Naomi estava ofendida, tinha se arrumado para que, então?

- É mais seguro permanecer dentro de casa.

Naquele momento, um corvo bateu na janela da cozinha. As duas olharam, ele parecia observá-las.

- Mas você fez eu me arrumar Rachel!

- Pare de ser fútil, Naomi! – Rachel se assustou com o barulho de outro corvo chegando na janela.

- Agora nós temos que ir! De um jeito ou de outro!

Rachel se aproximou devagar da janela, olhando nos olhos dos dois corvos. Eles faziam um barulho alto, mas ela não conseguia ouvir, pois eles estavam do lado de fora.

- O que foi agora? – Gritou Naomi, novamente – Deixe esses animais em paz.

De repente, vários outros corvos começaram a tampar a janela de uma só vez. Rachel se afastou, assustada, assim como Naomi.

- O que é isso? – O rosto de Naomi expressava medo e nojo ao mesmo tempo.

Rachel sabia exatamente o que significava aquilo. Eles queriam entrar.

- Corre Naomi... – Ela sussurrou, mas Naomi continuou parada – Corre Naomi! – Ela gritou, assim que os corvos quebraram a janela e entraram na casa.

As duas saíram correndo aos gritos enquanto os corvos voavam atrás delas por dentro da casa, fazendo aquele barulho estridente. Elas correram até a porta, mas eles já estavam encima delas. Feriram os ombros de Naomi e o rosto de Rachel, mas elas conseguiram sair e trancar a porta. Elas pensaram que estavam salvas, mas quando olharam pra frente, perceberam que havia dezenas de corvos encima dos telhados, das caixas de correio e dos carros.

- Ai meu Deus... – Sussurrou Rachel, apavorada – Naomi corre!

As duas correram no mesmo momento em que os corvos prepararam voo para atacá-las. Eles gritavam demais, pareciam furiosos e as enchiam de bicadas. Naomi e Rachel já estavam sangrando pelos ombros, rosto e peito, mas não desistiram, correram até o carro e entraram. Rachel trancou as portas e olhou para frente, onde os corvos tapavam sua visão pelo vidro.

- Rachel, tira a gente daqui! – Gritou Naomi.

Rachel virou a chave e acionou os pára-brisas, que tiraram os corvos dali. Ela pisou no acelerador o mais forte que conseguiu. Logo os corvos foram deixando o carro. Naomi olhou para trás, os viu voando na direção delas, mas logo depois desistiram e voaram pro outro lado.

- Ai meu Deus – A respiração de Naomi estava ofegante – O que foi isso?

- Eu não faço a mínima ideia! – Rachel falou rápido, estava nervosa, mas realmente não sabia o que tinha acontecido, aquilo ia além do que ela e Chad achavam – Vamos sair daqui. Vamos encontrar um lugar seguro.

- Meu Deus, eles iam nos devorar!

- Se acalma, vai dar tudo certo.

No momento em que Rachel terminou de falar, um carro acertou o dela, fazendo-a perder o controle. Naomi se segurou no banco, estava sem cinto de segurança. Rachel tentou manobrar o carro para não sair da pista, mas parecia impossível. O carro que bateu no dela tinha acabado de formar um acidente grave na frente. Ele bateu em outro carro e o fez explodir. Rachel tentou desviar do carro em chamas, mas perdeu o controle e ele derrapou para o meio do mato.

Os gritos das duas cessaram só quando Rachel conseguiu frear, há dois metros de distância de uma árvore. Naomi acabou atravessando o vidro do carro com a freada brusca. Ela caiu perto da árvore.

Rachel permanecia desmaiada no volante, mas Naomi não perdeu a consciência nem por um minuto. Ela sentia sua cabeça rodar e suas pernas doíam tanto que revirava seus olhos com a dor. Ela colocou as duas mãos na grama e olhou pro carro a sua frente, ela conseguia ver Rachel desmaiada encima do volante. Depois olhou pro lado, um carro estava pegando fogo.

- Rachel! – Ela suplicava do chão, de seus olhos caíam lágrimas.

Rachel acordou, com dor de cabeça, mas não estava preocupada com ela. Olhou pro banco do lado e não viu Naomi, só foi perceber onde ela estava quando gritou.

- Naomi... – Ela sussurrou, feliz por ver que a prima estava bem.

Naomi levantou do chão com dificuldade, segurando na árvore perto dela. Rachel olhou pra trás no exato momento em que um caminhão de vigas desgovernado estava na direção delas. Ela só teve tempo de gritar por Naomi quando o caminhão acertou a traseira de seu carro, que foi pra frente com o impacto e imprensou Naomi na árvore.

O caminhão parou com a roda direita encima de uma pedra e a parte que segurava suas vigas completamente destruída.

Ainda viva, Naomi cuspiu sangue no capô do carro de Rachel, sabia que iria morrer. Ela colocou as duas mãos encima do capô e desistiu, não tinha mais forças. Rachel olhou para ela novamente, queria ajudá-la. Saiu do carro e caminhou mancando até ela.

A roda direita do caminhão caiu de cima da pedra, fazendo as vigas que estavam nele caírem na direção de Naomi. Ela olhou pra frente e esperou a morte, mas as vigas não acertaram seu rosto. Uma pegou no lado de seu pescoço e a outra perto de seu ombro.

Com o susto, Rachel acabou caindo no chão. Ela olhou para Naomi, que de alguma forma ainda estava viva.

- Eu não morri... – Sussurrou ela, antes da ultima viga cair e estourar sua cabeça.


A Punhalada 2
Estreia 15 de Março.
Comentário(s)
9 Comentário(s)

9 comentários:

  1. Esse deveria ser indiscutivelmente um filme . . .

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  2. OMG!!!!!!!!!!!!!
    A Morte não livra ninguém,nessa história. - Achei super tensa a morte da Naomi...

    Concordo com o Diego,onde a gente assina pra isso virar um filme?????????? - PREMONIÇÃO 6 -

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  3. que droga a Naomi morreu aff
    se você teve a capacidade de matar a Naomi então tomara que todos os outros morrão da pior forma possível
    tomara que acabe logo

    foi mau pelo comentário é que eu adorava a Naomi

    ansiosíssimo por apunhalada 2

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  4. Esse livro dever ser muito loko pelos comentariso///// devia vaira o premoniçao 6//// pq sou muito fã

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  5. OMG' cada vez melhor em! sera que è conhecidencia ou oQ? onteen eu fui no kamizake e no crazy dance' kk's S.O.S

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  6. Muito tensa a morte da Naomi,concerteza ela penou pra morrer pobrezinha,fico imaginando essas cenas na minha cabeça e concordo cada vez mais que deveria virar filme,bem que poderiamos fazer um abaixo assinado pedindo pra que Destino Final sejá Premonição 6(idéia de girico kkk).Nem acredito que já está acabando,ansiosa pela cap.11.Não aguento de tanta ansiedade por Apunhalada 2.

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  7. Você adiantou o capitulo onze ebaaaaaaaaaaaaaa D:

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  8. Ótimo capítulo, até agora essa foi a melhor morte. To com raiva do Chad, quero que a Rachel sobreviva, sei lá, ou morra num Destino Final 2.0 tipo a Clear em Premonição 1 e morre no 2. o/

    OMG Apunhalada 2 todos gritaaaam

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