[Crítica] Glee - 1ª Temporada

Duração: 45 minutos
Nº de episódios: 22 episódios
Exibição: 2009/2010
Emissora: Fox

Entre para o clube.

Crítica:

Texto com Spoilers!

Vocês perceberam que de repente Glee está fazendo o maior sucesso? Não é a toa, é isso o que acontece quando surge uma série inovadora como esta. A marca registrada de Glee talvez seja sua história abordando temas como bullying e adicionando na trama um pouco de comédia. A primeira temporada inteira parece ter sido surreal, as coisas que aconteciam pareciam ser o sonho, o pesadelo ou uma alucinação de alguém, e isso pegou todos nós de surpresa. E só de pensar que é uma serie simples é o que mais surpreende.

Glee é um grupo de coro do colégio que não é reconhecido, já que os populares do colégio são jogadores de futebol e lideres de torcida. Assim, o grupo é formado por pessoas socialmente excluídas, gordos, feios, japoneses e aspirantes a estrelas, que querem ter seu talento reconhecido de alguma forma. E o grupo acaba de ganhar uma nova direção do Professor Schue, que promete dar aos garotos um motivo para viver. E tudo realmente começa quando o professor faz um jogador de futebol respeitável entrar para o clube, e de repente todo mundo do colégio começa a dar atenção a ele. Mas não para por aí. A inveja do grupo ser muito bom deixou a treinadora de lideres de torcida Sue Silvester com uma sede de acabar com este grupinho de excluídos para que as atenções se voltem apenas para suas lideres de torcida. Pra isso, ela acabou selecionando as piores meninas e mais populares do colégio para entrarem no clube Glee e acabar com ele por dentro. É claro, todo mundo acaba percebendo que vale a pena estar no clube e decide ficar. Assim se formam os 12 protagonistas de Glee.

Mas muita gente ficou com um pé atrás com esta serie. Temos produções como High School Musical, tão infantil que banalizou o termo “grupo do colégio que canta” e agora tudo o que surge com este tema é ignorado. Mas Glee é muito mais que isso, porque primeiro, faz sentido. E segundo, pelo menos na primeira temporada, ninguém começa a cantar do nada dependendo do humor. A série tem um propósito, não são só riquinhos que descobriram que de repente são estrelas da musica e estão completamente apaixonados um pelo outro.

A comédia da série, então, é genial. Muita coisa engraçada acontece, e além de engraçada, é impossível e isso nos faz crer que aquilo não pode estar acontecendo, porque acabamos ficando céticos que uma série teria tanta coragem em nos mostrar fatos como Glee. E não é pra criança também. Não sei qual o milagre que a globo está fazendo na exibição da série num horário para crianças, já que tem palavrão, temática sexual muito forte e beijos homossexuais. Mas se acalme, fãs! Poderia ter sido muito pior, já pensou se Glee fosse transformado no “Clubinho da alegria”? Sinceramente, este é um dos muitos motivos pelos quais aboli de vez a TV aberta da minha vida.

Agora, sobre os personagens, apesar de suas condições eles não fazem muito drama. O cadeirante aceita que nunca mais poderá andar, mas não fica choramingando e se sentindo pior que todo mundo. Na verdade, todo mundo ali é bastante ferrado na vida. A única que parece não sofrer nada disso é a protagonista Rachel, que acabou se tornando psicótica a respeito de cantar e se acha melhor que todo mundo. Ela realmente é, mas esquece do trabalho em equipe. Temos também o mocinho jogador de futebol, que não é bonito, não tem carisma, não sabe cantar e nem dançar, e eu me pergunto o que ele ainda está fazendo na série além de servir como atalho para o Google Earth de tão alto que a criatura é. Também temos Mercedes, uma das melhores personagens. Ela sofreu a vida toda porque sempre foi chamada de gorda e negra, porque era gorda e negra, mas seu talento é enorme e ela tem uma personalidade que conquista qualquer pessoa. E claro, no lado homossexual da história, temos Kurt, que mais tarde ganharia a próxima temporada inteira para ele. Seu único defeito é cantar como uma diva dos anos 80, fora isso, é um ótimo personagem.

Mas meu personagem preferido (e que merece um parágrafo só para si) é Sue Silvester. Sim, a vilã. Nunca ninguém foi tão inescrupulosa a nível sádico do que ela. Além de conseguir humilhar verbalmente e de fazer qualquer um querer dar um tiro na cabeça pelo seu vocabulário extenso, ela é realmente maluca e não brinca em serviço. E o melhor, ela nunca perde, e quando perde dá um jeito de todo mundo perder junto com ela. Ainda tem um jeito de lésbica, apesar de pelo menos na serie ser 100% hétero e isso dá uma visão bem masculina pra personagem. Mas tanta maldade tem um motivo. Ela era uma pessoa sofrida, teve uma mãe ausente e uma irmã com síndrome de Down, que foi gozada por todos e taxada como louca. De tanto que teve que fazer pela irmã, acabou se tornando fria.

E a emoção, onde fica? Ah, a serie toda é emocionante. Qualquer drama como gravidez não aceita pelos pais ou amor não correspondido nos fazia ficar com pena dos pobres personagens. Isso foi bom, eles sempre davam um jeito de nos emocionar com qualquer coisa, principalmente com o bullying. Nunca tinha visto uma serie onde este tema está exageradamente explícito. Por episódio, pelo menos, somos apresentados a cinco diferentes tipos de bullying sofridos pelos personagens. E vocês sabem como eu amo injustiça, porque no final a vingança é poderosa.

Dos 22 episódios, o melhor foi aquele onde homenagearam Madonna. Foi uma homenagem digna a cantora, deve ter ficado muito orgulhosa de ter feito parte da historia do seriado. E há quem diga que a serie homenageou Lady Gaga em um dos episódios, mas só o que vi foi uma musica dela ser cantada numa versão com Kurt, e a voz dele ficou muito estranha pra musica. Fora isso, uma versão acústica de Poker Face, que foi de longe uma das piores apresentações de todo o seriado.

E a conclusão de tudo isso? Simples, Glee se tornou um fenômeno ainda na primeira temporada, e o sucesso foi tão grande que antes mesmo de estrear a segunda, já haviam confirmado uma terceira. É claro que muita coisa iria mudar, principalmente aquele tom “precário” que a primeira temporada tinha. Parece que a serie estava sendo feita com baixo orçamento e a segunda temporada viria pra glamorizar tudo. Eu adorei né? A série aborda temas legais e tem personagens cativantes, tem emoção, comédia e propósito, que é o que falta em muitas outras séries. Então, entrem para o clube, vocês vão adorar o ardor que a raspadinha de laranja causa quando entra nos seus olhos.